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onde ρ<sub>s</sub> é a concentração mássica do ar seco, r<sub>c</sub> é a razão de mistura de CO<sub>2</sub> e μ<sub>v</sub> é a razão entre a constante dos gases para o vapor de água (R<sub>v</sub>) e ar seco (R<sub>s</sub>). As flutuações turbulentas da componente vertical da velocidade do vento (w<sub>0</sub>), da temperatura do ar (θ<sub>0</sub>), da concentração mássica de CO<sub>2</sub> (ρ<sub>c</sub>‘) e do vapor de água (ρ<sub>v</sub>‘) foram estimadas por remoção da tendência linear de amostras de 30 minutos de dados instantâneos (Moncrief et al., 2004; Dias, 2013). A componente w da velocidade do vento foi obtida após a rotação do campo de velocidades do vento, realizada para alinhar o eixo x com a direção média do vento no período de 30 minutos e remover a velocidade vertical média (Finnigan et al., 2003; Dias, 2013). | onde ρ<sub>s</sub> é a concentração mássica do ar seco, r<sub>c</sub> é a razão de mistura de CO<sub>2</sub> e μ<sub>v</sub> é a razão entre a constante dos gases para o vapor de água (R<sub>v</sub>) e ar seco (R<sub>s</sub>). As flutuações turbulentas da componente vertical da velocidade do vento (w<sub>0</sub>), da temperatura do ar (θ<sub>0</sub>), da concentração mássica de CO<sub>2</sub> (ρ<sub>c</sub>‘) e do vapor de água (ρ<sub>v</sub>‘) foram estimadas por remoção da tendência linear de amostras de 30 minutos de dados instantâneos (Moncrief et al., 2004; Dias, 2013). A componente w da velocidade do vento foi obtida após a rotação do campo de velocidades do vento, realizada para alinhar o eixo x com a direção média do vento no período de 30 minutos e remover a velocidade vertical média (Finnigan et al., 2003; Dias, 2013). | ||
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Resumo: Medições de fluxos de CO2 entre o ar e o mar com o Método das Covariâncias Turbulentas (MCT) são geralmente afetadas pela contaminação ótica de analisadores de caminho aberto. Uma vez que as condições de ambientes de água salgada podem ser semelhantes às de ambientes de água doce, neste trabalho avalia-se se está ocorrendo essa contaminação no analisador de gás CO2 de caminho aberto LI-7500 (LI-COR Biosciences Ltd), utilizado em um experimento para medição de fluxos de CO2 sobre a superfície líquida do reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Avaliou-se os indicadores de contaminação ótica nas medições de CO2 e duas correções para essa contaminação: a correção numérica denominada método PKT, proposto para a correção de fluxos medidos sobre o oceano, e um modelo estatístico de regressão múltipla. Constatou-se que o método PKT não produz resultados fisicamente plausíveis e que, ao contrário do que tem sido reportado em medições sobre oceanos, as medições do experimento de Itaipu sofrem menos interferências em condições mais úmidas. A correção das razões de mistura de CO2 pelo modelo estatístico preservou o padrão da variação diária dos fluxos de CO2, mas atenuou a magnitude dos fluxos do período analisado: a média dos fluxos sem correção foi de -24.35μgm-2s-1, enquanto que a média dos fluxos corrigidos pelo modelo estatístico foi de -11.73μgm-2s-1.
Palavras chave: Método das Covariâncias Turbulentas, Correção do método das covariâncias Turbulentas, analisadores de gás CO2 de caminho aberto
Abstract: Measurements of air-sea CO2 fluxes with Eddy Covariance (EC) are generally affected by the optical contamination of open path gas analyzers. Since the conditions of saltwater environments may be similar to those of freshwater environments, in this work we evaluate whether this contamination is occurring in the LI-7500 open path CO2 gas analyzer (LI-COR Biosciences Ltd), used in an experiment to measure greenhouse gas fluxes over the reservoir of the Itaipu Hydroelectric Power Plant. We evaluated the optical contamination indicators in the CO2 measurements and two corrections for this: the numerical method called PKT method, proposed for CO2 flux correction over ocean, and a multiple linear regression model. We find that the PKT method does not produce physically plausible results and that, contrary to what has been reported in ocean measurements, the measurements of the Itaipu experiment suffer less interference in more humid conditions. CO2 correction by the regression model preserved the pattern of CO2 flux daily variation, but but it attenuated the magnitude of the fluxes: the average of the uncorrected fluxes was -24.35μgm-2s-1, while the average of the fluxes corrected by the statistical model was -11.73μgm-2s-1.
Keywords: Eddy Covariance, Eddy Covariance Corrections, Open-path CO2 Gas Analysers
Segundo o V Relatório de Avaliação das Mudanças Climáticas do Planeta (IPCC, 2014), as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa têm provocado mudanças no sistema climático global, consequentemente tem-se observado impactos em todos os continentes e oceanos. Com isso, diversos experimentos têm sido conduzidos ao redor do mundo para estimar fluxos de gases de efeito estufa nos ambientes (Rosa et al., 2003; Zhu et al., 2012; Ometto et al., 2013) e para aprimorar as metodologias comumente empregadas na medição desses fluxos (Baldocchi, 2003; Cole et al., 2010). Neste contexto, este trabalho avalia a interferência da contaminação ótica nas concentrações de CO2 medidas por um sensor de caminho aberto e resposta rápida, e o efeito da correção numérica proposta por Prytherch et al. (2010) nos fluxos de CO2 medidos com o Método das Covariâncias Turbulentas (MCT) sobre a superfície líquida do reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Para a aplicação do Método das Covariâncias Turbulentas há analisadores de gás de caminho aberto e de caminho fechado. Os analisadores de caminho aberto são os mais utilizados em ecossistemas continentais, mas têm-se relatado erros nos fluxos de CO2 obtidos com esse tipo de sensor em oceanos (Edson et al., 2011; Blomquist et al., 2014), que também podem estar ocorrendo em fluxos medidos em lagos e reservatórios. Prytherch et al. (2010) mediram fluxos de CO2 com o MCT em mar aberto com ordem de magnitude dez vez maior do que de fluxos obtidos pelo método de transferência de massa. Já Landwehr et al. (2014) compararam medições de fluxos obtidos por quatro analisadores de caminho aberto iguais, mas para dois deles foi construído um aparato experimental que secava o ar antes da medição pelo analisador. Apenas os fluxos de CO2 obtidos com os sensores que amostraram o ar seco concordaram com os fluxos de CO2 obtidos por outras parametrizações.
Os analisadores de gás infravermelho de caminho aberto são projetados para reduzir a contaminação ótica do sensor por chuva e spray do mar. Além disso, esses analisadores são geralmente instalados inclinados em relação à superfície para evitar o acúmulo de água na janela inferior do caminho ótico do sensor (ver: LI-7500 CO2/H2O Analyzer Instruction Manual). No entanto, uma vez que o volume de ar amostrado pelos analisadores de caminho aberto não é filtrado, pode ocorrer a contaminação ótica do sensor pela formação de uma lâmina d’água sobre sua lente (Kohsiek, 2000) ou pela deposição de partículas na mesma (Prytherch et al., 2010). Essa contaminação tem sido apontada como a responsável por gerar uma correlação artifical entre CO2 e H2O (Kohsiek, 2000; Prytherch et al., 2010). Para lidar com esse problema, Prytherch et al. (2010) desenvolveram uma correção numérica baseada na Teoria de Similaridade de Monin-Obukhov (TSMO), que foi posteriormente denominada Método PKT. Trata-se de um método iterativo que reduz a dependência de CO2 da umidade relativa do ar até que a dependência esperada pela TSMO seja alcançada.
Tanto quanto seja de conhecimento dos autores deste trabalho, em lagos e reservatórios de água doce não há relatos da contaminação mencionada nas medições de CO2; por exemplo, em nenhum dos trabalhos de Galy-Lacaux et al. (1997); Anderson et al. (1999); Eugster et al. (2003); Vesala et al. (2006); Jonsson et al. (2008) e Mammarella et al. (2015) isso é mencionado. Neste trabalho foram avaliados indicadores de possível contaminação das medições de CO2 realizadas pelo LI-7500 e o efeito do método PKT na série temporal desse escalar.
Os fluxos de CO2 analisados neste trabalho foram medidos em uma ilha do reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu e são oriundos da superfície líquida do reservatório. O local de estudo, os métodos utilizados para avaliar a contaminação ótica e o método PKT estão descritos na seção 2. As correções utilizadas neste trabalho são o método PKT e um modelo de regressão múltipla apresentado em Armani (2019) que corrige as concentrações do LI-7500 com base nas medições da concentração média de CO2 com um sensor adicional imune a contaminação ótica. Os resultados estão na seção 3 e as conclusões e recomendações na seção 4.
2.1 Sítio e medições
Os dados utilizados neste trabalho foram obtidos em medições em uma estação micrometeorológica instalada em uma ilha do reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu no ano de 2013. As coordenadas geográficas da ilha são latitude -25°03’25.72” e longitude -54°24’33,67”, e a altitude é 220m. A localização da estação pode ser vista na Figura 1, em que estão duas imagens do reservatório em uma sequência que amplia a região da estação micrometeorológica, da esquerda para a direita. Nela estão destacadas a cidade de Foz do Iguaçú, a barragem, a estação e algumas distâncias da estação às margens do reservatório.
Figura 1: Localização da estação micrometeorológica no reservatório da hidrelétrica de Itaipu. Fonte: Google Maps.
Alguns dos principais dados analisados neste trabalho são mostrados na Figura 2, tendo sido medidos entre os dias 13 e 17 de março de 2013. Os fluxos de CO2 (FWPL) foram medidos com o MCT com sensores que operavam na frequência de 20 Hz. Os sensores utilizados para calcular os fluxos de CO2 foram: um anemômetro sônico CSAT3 (Campbell Scientific) configurado para medir as três componentes da velocidade do vento (ms−1) e a temperatura sônica (°C); e um analisador de gases LI7500 (LI-COR Biosciences Ltd) configurado para medir a densidade molar de dióxido de carbono (mmol m−3), a densidade molar do vapor de água (mmol m−3) e a pressão atmosférica (hPa). As variáveis concentração de CO2(ρc,2), umidade relativa do ar e radiação solar plotadas na Figura 2 foram medidas a cada 10 minutos pelos seguintes sensores: uma sonda de dióxido de carbono GMP343 (Vaisala); uma sonda de temperatura e umidade relativa do ar CS500 (Campbell Scientific); e um piranômetro SP LITE (Kipp & Zonen), respectivamente. O LI-7500, o Anemômetro Sônico e o GMP343 foram instalados na altura de 3.7 m acima da base da estação, e o Piranômetro e o CS500 na altura de 2.7 m.
O nível do reservatório varia ao longo do ano, aumentando e diminuindo a área da ilha em que a estação micrometeorológica foi instalada. No período de monitoramento apresentado neste trabalho a ilha estava inundada; logo, tanto a ilha da estação quanto as margens do reservatório não interferiram nas medições de fluxos analisadas. As distâncias da estação às margens do reservatório dispostas na Figura 1 evidenciam uma grande pista de vento (fetch) para a medição de fluxos turbulentos. Maiores informações sobre os sensores da estação, a configuração dos sensores e o footprint dos fluxos podem ser encontradas em Armani (2019).
Os dados medidos em alta frequência foram agrupados em blocos de 30 minutos para o cálculo de fluxos com o Método das Covariâncias Turbulentas. Para a remoção de picos, os dados instantâneos desses blocos foram corrigidos com um filtro autorrecursivo linear (Dias, 2013). Os blocos com mais do que 50 picos foram rejeitados. Além disso, avaliou-se se os blocos atendem ao critério de estacionariedade do MCT pela comparação entre os fluxos cinemáticos de CO2 desses blocos (F30) com os fluxos cinemáticos de CO2 obtidos de suas subamostras com 10 minutos de dados instantâneos (F10 ) num procedimento semelhante ao estabelecido por Vickers e Mahrt (1997). Assim, utilizou-se apenas as amostras de 30 minutos de dados cujas subamostras variavam no intervalo |F30 − F10| < (5%)F30.
Os fluxos exibidos na Figura 2 foram calculados com o método tradicionalmente utilizado no MCT com a correção WPL (Baldocchi, 2003):
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(1) |
onde ρs é a concentração mássica do ar seco, rc é a razão de mistura de CO2 e μv é a razão entre a constante dos gases para o vapor de água (Rv) e ar seco (Rs). As flutuações turbulentas da componente vertical da velocidade do vento (w0), da temperatura do ar (θ0), da concentração mássica de CO2 (ρc‘) e do vapor de água (ρv‘) foram estimadas por remoção da tendência linear de amostras de 30 minutos de dados instantâneos (Moncrief et al., 2004; Dias, 2013). A componente w da velocidade do vento foi obtida após a rotação do campo de velocidades do vento, realizada para alinhar o eixo x com a direção média do vento no período de 30 minutos e remover a velocidade vertical média (Finnigan et al., 2003; Dias, 2013).
O método PKT proposto por Prytherch et al. (2010) corrige a razão de mistura de CO2 para obter os fluxos de CO2 com a equação
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Para obter rc instantâneo (20Hz), aplicou-se o mesmo método empregado por Prytherch et al. (2010); Miller et al. (2010) e Edson et al. (2011), os quais utilizaram medições instantâneas da temperatura do ar (θ), da densidade molar do vapor de água (ωv) e do CO2 (ωc,l) na lei dos gases ideais:
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Published on 22/01/20
Accepted on 24/12/19
Submitted on 13/07/19
Volume 36, Issue 1, 2020
DOI: 10.23967/j.rimni.2020.01.001
Licence: CC BY-NC-SA license
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