(Created page with "==Resumo== ====Introdução e objetivos==== A ressonância magnética multiparamétrica (RM‐mp) da próstata permite detetar, localizar e caracterizar lesões suspeitas de...")
 
m (Scipediacontent moved page Draft Content 579538978 to Magalhaes-Pina et al 2015a)
 
(One intermediate revision by the same user not shown)
Line 1: Line 1:
 
==Resumo==
 
==Resumo==
  
====Introdução e objetivos====
+
O carcinoma da bexiga é uma das neoplasias mais comuns do aparelho urinário, estando associado e elevada morbilidade e obrigando os doentes a um longo follow‐up recorrendo a métodos invasivos, como a cistoscopia.
  
A ressonância magnética multiparamétrica (RM‐mp) da próstata permite detetar, localizar e caracterizar lesões suspeitas de carcinoma da próstata (CaP). Permite ainda dirigir a biópsia prostática, quando efetuada previamente ao diagnóstico, acrescentando à técnica de biópsia actualmente praticada (colheita aleatória de 12 fragmentos) uma maior precisão diagnóstica.
+
O diagnóstico e estadiamento iniciais são dependentes da análise histopatológica de fragmentos recolhidos por biópsia ou ressecção transuretral da lesão vesical. No entanto, a taxa de subestadiamento é elevada, tornando necessárias novas cirurgias de re‐estadiamento.
  
O objetivo deste trabalho consiste em comparar uma técnica de biópsia prostática dirigida (por fusão cognitiva) com a técnica standard aleatória em duplo sextante, determinando qual é mais eficaz no diagnóstico de CaP clinicamente significativo.
+
Com os avanços recentes nas técnicas de ressonância magnética, nomeadamente com a utilização da difusão, tornou‐se possível aumentar a taxa de detecção de lesões suspeitas bem como avaliar a sua extensão e infiltração nas várias camadas da parede vesical, melhorando a acuidade do estadiamento. É ainda possivel detectar precocemente alterações sugestivas de recidiva ou mesmo progressão tumoral.
  
====Materiais e métodos====
+
Com este trabalho, os autores pretendem fazer uma revisão da literatura existente sobre o papel da ressonância magnética em doentes com tumores vesicais, nomeadamente no seu diagnóstico, estadiamento e follow‐up, como complemento às técnicas actuais existentes.
 
+
Foram selecionados 30 doentes com idades entre 61‐67 anos, cujo PSA era superior a 4 ng/ml (PSA entre 5,6‐19,2). Todos os doentes tinham RM‐mp da próstata com lesões suspeitas de CaP, por critérios morfológicos e funcionais (PI‐RADS 3‐5). No total, foram detetadas 75 lesões suspeitas.
+
 
+
Todas as biópsias foram feitas pelo mesmo urologista (JMP), por via transretal guiada por ecografia, após visualização prévia das imagens de RM. Os disparos foram orientados para a zona da próstata considerada suspeita (fusão cognitiva). Foram colhidos 2 fragmentos por área suspeita. Posteriormente foi efetuada biópsia padrão em duplo sextante a todos os doentes.
+
 
+
====Resultados====
+
 
+
Foi detetado CaP em 22 doentes. Em 5 doentes, foi detetada doença apenas nos fragmentos dirigidos. A biópsia dirigida detetou mais 17% de CaP quando comparada com a biópsia aleatória, bem como que quase duplicou a taxa de cancro por fragmento.
+
 
+
A taxa global de deteção de CaP foi de 61% para todos os fragmentos colhidos.
+
 
+
Foram colhidos 360 fragmentos de biópsia aleatória, sendo 169 positivos para CaP (47%), com score de Gleason mediano de 6 (3+3) e um envolvimento tumoral médio por cilindro de 25% (5‐85%).Cento e cinco dos 150 fragmentos obtidos por biópsia dirigida foram positivos para CaP (70%). O score de Gleason mediano foi de 7 (3 + 4), com uma média de envolvimento tumoral por fragmento de 45% (10‐90%).
+
 
+
====Conclusão====
+
 
+
A RM multiparamétrica permite detetar áreas fortemente suspeitas de CaP possibilitando dirigir a biópsia, aumentando a sua precisão diagnóstica e a deteção de doença clinicamente significativa.
+
  
 
==Abstract==
 
==Abstract==
  
====Introduction and Objectives====
+
Bladder cancer is one of the most common malignancies of the urinary tract. It is associated with significant morbidity and long‐term follow‐up using invasive procedures, like cystoscopy.
 
+
Multiparametric Magnetic Resonance Imaging of the prostate (Mp‐MRI) allows the detection, localization and characterization of suspicious lesions for prostate cancer (PCa). When done prior to the diagnosis it also allows targeting of the biopsy, significantly improving the performance of the standard random prostate biopsy.
+
 
+
Our goal is to compare a targeted biopsy technique (cognitive fusion) with the standard double sextant randomized prostate biopsy, and to determine which has better accuracy in the detection of cinically significant prostate cancer.
+
 
+
====Materials and Methods====
+
 
+
30 patients aged 61‐67 were selected with a PSA greater than 4 ng/mL (PSA between 5.6 – 19.2) and with suspicious PCa lesions on Mp‐MRI (Pi‐RADS 3‐5). A total of 75 suspicious lesions were detected.
+
 
+
All biopsies were performed by the same Urologist (JMP), using trans‐rectal ultrasound guidance and after previous visualization of MRI images. Sampling was targeted to the area considered suspicious on MRI, using a Cognitive Fusion Technique, collecting two samples per area. After that, a double‐sextant standard prostate biopsy was also done in all patients. The variables used for statistical analysis were PCa detection rate and amount of cancer per sample.
+
 
+
====Results====
+
 
+
22 patients were diagnosed with PCa. In 5 patients, cancer was only detected on targeted cores. Targeted biopsies diagnosed 17% more PCa when compared to random biopsies, and almost doubled the amount of cancer per sample.
+
 
+
The overall PCa detection rate was 61% for all samples. 360 fragments were collected from standard randomized prostate biopsy, of which 169 were positive for PCa (47%), with a median Gleason score of 6 (3+3). The average amount of cancer per sample was 25% (5%‐85%).
+
  
105 of 150 fragments collected by cognitive fusion targeted biopsies were positive for PCa (70%). The median Gleason score was 7(3+4) with a median amount of cancer per sample of 45% (10%‐90%).
+
The initial diagnosis and staging are dependent on the histopathologic analysis of resected or biopsed samples. However, it is associated with significant under‐staging, often requiring multiple re‐staging procedures.
  
====Conclusions====
+
With the recent advances in Magnetic Resonance Imaging techniques, namely Diffusion Weighted images, it has become possible to improve the detection rate of suspicious lesions and their extension to the deep layers of the bladder wall, therefore improving staging. It is also possible to detect recurrent tumours during follow‐up and even to predict the progression rate.
  
Multiparametric prostatic MRI detects areas highly suspicious for PCa, allowing targeted biopsies, which increases diagnostic accuracy and improves the detection of clinically significant PCa.
+
With this work, the authors intend to review the current literature regarding the role of Magnetic Resonance imaging in the detection, staging and follow‐up of bladder cancer patients.
  
 
==Palavras‐chave==
 
==Palavras‐chave==
  
Cancro ; Próstata ; Diagnóstico ; Biópsia ; Fusão
+
Neoplasia vesical ; Ressonância magnética ; Difusão
  
 
==Keywords==
 
==Keywords==
  
Cancer ; Prostate ; Diagnosis ; Biopsy ; Fusion
+
Urinary bladder neoplasms ; Magnetic resonance imaging ; Diffusion weighted imaging
  
 
==Introdução==
 
==Introdução==
  
A biópsia prostática transretal para o diagnóstico de carcinoma da próstata (CaP) é actualmente um dos procedimentos urológicos mais frequentemente realizados no mundo ocidental[[#bib0170|<sup>1</sup>]] .       
+
O carcinoma da bexiga é 7.<sup>a</sup>  neoplasia mais frequente a nível mundial, em ambos os sexos, e constitui uma causa major de morbilidade e mortalidade[[#bib0280|<sup>1</sup>]] .       
  
As principais indicações para a sua realização consistem na presença de PSA (Prostate Specific Antigen) aumentado ou alteração suspeita ao toque retal, associados a outros fatores como a idade, a raça, a velocidade do aumento do PSA ou a presença de outras comorbilidades[[#bib0175|<sup>2</sup>]] .       
+
Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde, a taxa de incidência estimada na Europa é de 14,4 por 100.000 habitantes e em Portugal de 17,8 por 100.000, com uma mortalidade associada de 4,5 por 100.000[[#bib0285|<sup>2</sup>]] .       
  
A técnica de biópsia mais frequentemente realizada e aceite como atual método de referência é a biópsia prostática em duplo sextante guiada por ecografia transretal[[#bib0180|<sup>3</sup>]] . Trata‐se de uma técnica de biópsia aleatória a locais prédefinidos, com colheita de 10‐12 fragmentos, sendo dependente do executante.       
+
Em > 90% dos casos este tumor afeta pessoas com mais de 55 anos, contudo, também pode ocorrer em idades mais jovens[[#bib0290|<sup>3</sup>]] .       
  
As principais limitações desta técnica incluem a elevada taxa de falsos negativos, principalmente de tumores clinicamente significantes (segundo os critérios de Epstein), a estratificação de risco imprecisa e a possível deteção de tumores pequenos, de baixo risco, clinicamente insignificantes. Esta incerteza diagnóstica pode levar à repetição da biópsia, ao atraso no diagnóstico ou ao sobretratamento[[#bib0175|<sup>2</sup>]] .       
+
De entre os fatores de risco associados aos tumores de bexiga destacam‐se o tabagismo e a exposição ocupacional a agentes carcinogénicos uroteliais<sup>[[#bib0295|4]]  ;  [[#bib0300|5]]</sup>  (nomeadamente aminas aromáticas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos utilizados na indústrias química)[[#bib0305|<sup>6</sup>]] . Outras exposições ambientais que se podem associar com o cancro de bexiga incluem infeções urinárias crónicas[[#bib0310|<sup>7</sup>]] , exposição a ciclofosfamida[[#bib0315|<sup>8</sup>]]  e radioterapia[[#bib0320|<sup>9</sup>]] . Recentemente, foi também documentado um aumento de incidência em homens com neoplasia da próstata tratados com radioterapia[[#bib0325|<sup>10</sup>]] .       
  
Apesar da biópsia prostática ser tipicamente bem tolerada[[#bib0175|<sup>2</sup>]] , é um procedimento invasivo e que se pode associar à ocorrência de complicações tais como hemorragia, infeções, sintomas urinários baixos (LUTS), retenção urinária, disfunção erétil ou mesmo morte<sup>[[#bib0185|4]]  ;  [[#bib0190|5]]</sup> . Um estudo demonstrou ainda uma associação entre o número de fragmentos colhidos e a intensidade de hemorragia, com casos de hematúria abundante mesmo em doentes não anticoagulados[[#bib0195|<sup>6</sup>]] .       
+
A maioria dos tumores (> 90%) tem origem no epitélio de transição urotelial[[#bib0330|<sup>11</sup>]] , seguindo‐se em ordem de frequência o carcinoma pavimento‐celular e o adenocarcinoma que ocorrem em cerca de 5 e 1% dos casos, respetivamente<sup>[[#bib0335|12]]  ;  [[#bib0340|13]]</sup> . No caso particular das zonas onde a schistosomíase é endémica, até 75% dos casos podem ser de carcinomas pavimento‐celulares[[#bib0345|<sup>14</sup>]] . Também pode ocorrer metastização de outros tumores para a bexiga, nomeadamente carcinomas primários do cólon, útero, ovários e próstata, bem como nos linfomas.       
  
O CaP caracteriza‐se ainda por ser um tumor heterogéneo e multifocal em 67‐87% dos casos<sup>[[#bib0200|7]] ; [[#bib0205|8]]  ;  [[#bib0210|9]]</sup> . No caso da multifocalidade, a lesão tumoral dominante, ou lesão index, define‐se como a lesão tumoral com maior score de Gleason ou de maior volume, se o Gleason for o mesmo em diversas lesões. A lesão index tem especial importância, pois pensa‐se que seja a responsável pela progressão do CaP[[#bib0215|<sup>10</sup>]] . Assim, a sua caracterização histológica é fundamental para uma correta decisão trapêutica. A biópsia prostática aleatória associa‐se a erros de amostragem que a tornam num método impreciso para a correta caracterização da lesão index, nomeadamente na sua localização, volume e score de Gleason[[#bib0220|<sup>11</sup>]] .    
+
A sintomatologia associada ao carcinoma da bexiga é bastante inespecífica, incluindo hematúria indolor, sintomas irritativos vesicais ou dor pélvica. Frequentemente, os tumores vesicais são assintomáticos.
  
A ressonância magnética (RM) apresenta elevada resolução espacial e de contraste tecidular, permitindo uma melhor visualização da próstata e de alterações patológicas da mesma, em comparação com a ecografia prostática transretal. Recentemente têm‐se vindo a desenvolver sequências funcionais de RM que permitem obter informações fisiológicas sobre os tecidos. A associação mais frequentemente utilizada para o estudo da próstata, designada de ressonância magnética multiparamétrica (RM‐mp), associa sequências morfológicas ponderadas em T1 e T2 com pelo menos 2 sequências funcionais, tais como a técnica de difusão (DWI), o realce dinâmico após injeção de contraste (DCE) e a espetroscopia (MRSI)[[#bib0225|<sup>12</sup>]] .       
+
A extensão local do tumor, a existência de metastização ganglionar ou à distância, o tipo histológico e grau tumoral são fatores determinantes para a decisão terapêutica e prognóstico[[#bib0350|<sup>15</sup>]] . Assim, o estadiamento inicial preciso é imperativo, sendo o sistema de estadiamento universalmente aceite o sistema TNM[[#bib0355|<sup>16</sup>]] .       
  
A RM‐mp tem‐se vindo a assumir como uma ferramenta importante para a deteção de CaP, apresentando uma boa correlação entre as lesões por si identificadas com a localização tumoral nas peças de prostatectomia radical[[#bib0230|<sup>13</sup>]] .       
+
De acordo com existência ou não de invasão da camada muscular, os tumores são subdivididos em 2 grupos com implicações terapêuticas distintas: tumores não músculo‐invasivos (NMI) (Ta, Tis e T1), representando 75% dos casos à data do diagnóstico, e tumores músculo‐invasivos (MI) (≥ T2)[[#bib0360|<sup>17</sup>]] .       
  
Foi ainda descrita uma correlação entre o grau de suspeição radiológica nas imagens de RM‐mp e o grau de risco tumoral segundo a estratificação de D’Amico, permitindo uma melhor identificação da lesão ''index''<sup>[[#bib0235|14]]  ;  [[#bib0240|15]]</sup> .       
+
De acordo com os dados disponíveis, cerca de 70% dos tumores NMI recidivam após tratamento, encontrando‐se muitos destes casos associados a resseções tumorais incompletas[[#bib0365|<sup>18</sup>]] . Assim, várias tentativas de aumentar a acuidade no diagnóstico do cancro da bexiga têm vindo a ser estudadas.       
  
A capacidade de detetar e delinear lesões fortemente sugestivas de CaP nas imagens de RM‐mp levou ao desenvolvimento de novas técnicas de biópsia prostática dirigidas: biópsia guiada por fusão visual ou cognitiva, biópsia guiada por RM e biópsia guiada por fusão entre as imagens da RM e imagens em tempo real obtidas por ecografia prostática transretal (RM/TRUS)[[#bib0245|<sup>16</sup>]] .     
+
==Objetivos==
  
A técnica de fusão cognitiva envolve a visualização prévia das imagens de RM‐mp com identificação das lesões suspeitas, tentando‐se, posteriormente, através de ecografia transretal, estimar o local onde se encontrarão essas lesões e biopsá‐las. Para melhor localizar as lesões deve recorrer‐se a pontos de referência anatómicos que possam ser visíveis na RM e na ecografia, tais como quistos, calcificações, nódulos de HBP, etc. Pode também ser necessário realizar medições das lesões à uretra, às vesiculas seminais ou ao contorno prostático de modo a melhor identificar o local a biopsar[[#bib0250|<sup>17</sup>]] . Esta técnica é extremamente dependente do executante e da sua experiência em interpretar as imagens de RM‐mp e na sua capacidade de as transpor para a ecografia.    
+
Descrever, de forma sistematizada, as aplicações atuais da ressonância magnética (RM) associada ou não a estudos funcionais em doentes com suspeita clínica ou diagnóstico de tumor vesical.
  
A biópsia prostática realizada diretamente no aparelho (túnel) de RM consiste na realização da biópsia durante a aquisição das imagens de RM. Trata‐se de uma técnica dispendiosa e que ocupa o aparelho de ressonância durante muito tempo, prejudicando a realização de outros exames[[#bib0255|<sup>18</sup>]] .     
+
==Aquisição de evidência==
  
A biópsia prostática por fusão de imagem RM/TRUS consiste na aquisição prévia da RM‐mp, com identificação e marcação das lesões, bem como de todo o contorno prostático. Este mapeamento é depois carregado em software específico que o sobrepõe à ecografia prostática transretal, permitindo localizar em tempo real o local suspeito e previamente marcado para a realização da biópsia. Este é o método mais facilmente reprodutível e com maior popularidade, que, no entanto acarreta custos iniciais para a aquisição do equipamento[[#bib0260|<sup>19</sup>]] .    
+
Realizou‐se uma revisão não sistematizada da literatura recorrendo à base de dados da PubMed, com os termos principais «Bladder Cancer», «NMIBC», «Non‐Muscle Invasive Bladder Cancer», «Magnetic Resonance Imaging», «MRI», «Diffusion Weighted MRI». De todos os artigos apresentados, selecionaram‐se aqueles escritos em língua inglesa, originais ou de revisão, publicados até 2014 que mais se adequavam ao tema.
  
Este estudo tem como objectivo comparar a taxa de deteção tumoral entre a biópsia aleatória e a biópsia dirigida, utilizando uma técnica de fusão cognitiva.
+
==Síntese de evidência==
  
==Materiais e métodos==
+
===Diagnóstico e estadiamento convencional===
  
Foram seleccionados 30 doentes com indicação para a realização de biópsia prostática, por aumento do PSA (> 4 ng/mL).
+
As técnicas de imagem convencionais como a urografia endovenosa, a ecografia e a tomografia computorizada (TC) podem sugerir o diagnóstico de tumor da bexiga no caso de lesões exofíticas[[#bib0370|<sup>19</sup>]] .    
  
A estes doentes foi realizada ressonância magnética multiparamétrica (RM‐mp) da próstata utilizando um aparelho de 1,5 T. O protocolo utilizado inclui um estudo morfológico pélvico ponderado em T1, particularmente útil na deteção de metástases ósseas, gânglios suspeitos e de hemorragia parenquimatosa condicionada por biópsias anteriores. As sequências T1 não permitem distinguir a anatomia zonal da glândula e, consequentemente, detetar lesões tumorais; contudo, são ainda benéficas na avaliação do contorno capsular e da integridade do feixe vasculonervoso. Para a próstata, são utilizadas sequências de alta resolução com cortes axiais, coronais e sagitais, ponderadas em T2, que permitem distinguir a anatomia zonal e detetar os focos tumorais, tipicamente hipointensos. São também utilizadas como estudos funcionais sequências axiais de difusão (DWI) com factores b de 50, 800, 1.000 e 1.200 s/mm<sup>2</sup> e sequências dinâmicas 3D Vibe ponderadas em T1 com saturação de gordura (DCE), após administração endovenosa de gadolíneo, em bolus, com dose de 0,2 mmol/kg de peso.       
+
Por sua vez, a citologia urinária tem elevada sensibilidade no diagnóstico de tumores de alto grau, embora seja reconhecido o elevado número de falsos negativos em casos de tumores de baixo grau. Neste sentido, vários marcadores urinários têm sido apontados como potenciais testes diagnósticos, contudo, nenhum provou ter valor diagnóstico suficiente para figurar nas guidelines urológicas internacionais[[#bib0370|<sup>19</sup>]] .       
  
Todas as imagens foram avaliadas por radiologistas com experiência em RM‐mp e discutidas posteriormente com urologistas para a identificação e demarcação das lesões suspeitas, bem como de possíveis pontos de referência.
+
O diagnóstico definitivo de carcinoma da bexiga consiste na visualização da lesão e sua análise histopatológica[[#bib0375|<sup>20</sup>]] .    
  
No total, foram detetadas 75 lesões suspeitas de CaP, segundo os critérios da Sociedade Europeia de Radiologia Urogenital (Pi‐RADS 3‐5)[[#bib0170|<sup>1</sup>]] , em 30 doentes, que constituíram a amostra do estudo.    
+
A cistoscopia permanece o exame gold standard para o diagnóstico inicial e deteção de recidiva tumoral, uma vez que através da introdução de um cistoscópio, por via transuretral, é possível a visualização direta de toda a mucosa vesical.
  
Todos os doentes foram submetidos a biópsia prostática ecodirigida por via trans‐retal, sob bloqueio anestésico periprostático (10 mL de lidocaína a 1%).
+
Apesar de ser um exame invasivo, a cistoscopia pode ser efetuada em regime de ambulatório, apenas com anestésico tópico [[#fig0005|figura 1]] .
  
Para as biópsias dirigidas foram carregadas as imagens da RM num monitor existente junto ao ecógrafo, de forma a identificar as lesões consideradas suspeitas. Sempre que possível, utilizaram‐se pontos de referência a nível da RM, tais como a presença de imagens quísticas, nódulos de HBP, a uretra e o contorno prostático, bem como a distância a cada uma delas. Posteriormente tentou‐se encontrar uma correlação com a imagem obtida através de ecografia transretal. Foram biopsadas as áreas ecográficas que corresponderiam às zona suspeitas da RM, através de uma técnica de fusão visual, ou cognitiva, com colheita de 2 fragmentos por área suspeita, de acordo com esquemas efetuados por outros autores[[#bib0275|<sup>22</sup>]] .     
+
<span id='fig0005'></span>
  
Para as biópsias aleatórias, utilizou‐se um esquema em duplo sextante com colheita de 2 fragmentos nas regiões do ápex, zona média e base, bilateralmente, originando um total de 6 regiões abrangidas.
+
{| style="text-align: center; border: 1px solid #BBB; margin: 1em auto; max-width: 100%;"
 +
|-
 +
|
  
As biópsias dirigidas foram efetuadas antes das biópsias aleatórias de forma a evitar possíveis alterações dos pontos de referência causadas pelo trajeto da agulha.
 
  
Ambas as biópsias foram efetuadas pelo mesmo operador (JMP). Dependendo do número de lesões por doente, obteve‐se um mínimo de 7 frascos para análise, 6 correspondendo aos fragmentos obtidos por biópsia aleatória e os restantes à biópsia dirigida.
+
[[Image:draft_Content_579538978-1-s2.0-S2341402215000270-gr1.jpg|center|px|Exemplo de um tumor vesical localizado na parede lateral esquerda (*).A‐ T2 ...]]
  
Estatisticamente, comparou‐se a taxa de deteção tumoral entre as 2 técnicas de biópsia utilizando o teste exato de McNemar. Foi ainda comparado o score de Gleason entre as 2 técnicas nos doentes com ambas as biópsias positivas. Considerou‐se como estatisticamente significativo um valor de p < 0,05.
 
  
Avaliou‐se também a percentagem de tecido tumoral por fragmento em ambas as biópsias.
+
|-
 +
| <span style="text-align: center; font-size: 75%;">
  
==Resultados==
+
Figura 1.
  
Os 30 doentes selecionados tinham idade mediana de 64 anos (61‐67). O valor mediano do PSA era 8 ng/mL (5,6‐19,2) ([[#tbl0005|tabela 1]] ).
+
Exemplo de um tumor vesical localizado na parede lateral esquerda (*).
  
<span id='tbl0005'></span>
+
A‐ T2 coronal
  
{| class="wikitable" style="min-width: 60%;margin-left: auto; margin-right: auto;"
+
B‐ T2 axial
|+
+
  
Tabela 1.
+
C‐ DWI (b1200)
  
|-
+
D‐ mapa ADC
  
! Doente
+
Nas sequências T2 observamos tumor vegetante, de sinal intermédio implantado na parede lateral esquerda da bexiga, que infiltra profundamente a parede vesical, condicionando descontinuidade focal da linha de hipossinal característica da muscularis própria, traduzindo tumor músculo‐invasivo. Estes achados são corroborados pelo estudo funcional de difusão, documentando‐se tumor com hipersinal em DWI e hipossinal no mapa ADC (setas).
! Idade
+
! PSA
+
! Lesão index na RM‐Mp
+
! Histopatologia (biópsia aleatória)
+
! Percentagem de cancro por fragmento (biópsia aleatória) (%)
+
! Histopatologia (biópsia dirigida)
+
! Percentagem de cancro por fragmento (biópsia dirigida) (%)
+
|-
+
  
! 1
+
</span>
| 61
+
|}
| 7,2
+
| Periférica esquerda
+
| Negativa
+
| 0
+
| Negativa
+
| 0
+
|-
+
  
! 2
+
A taxa global de deteção tumoral com cistoscopia é de aproximadamente 79%, sendo menor no caso particular dos carcinomas in situ (CIS) (50%)[[#bib0380|<sup>21</sup>]] . Recentemente surgiram novas ferramentas com o objetivo de melhorar a taxa de deteção tumoral por cistoscopia, quer recorrendo a fenómenos de fluorescência através da photodynamic diagnosis (PPD) quer através da variação do comprimento de onda da luz emitida na narrow band imaging (NBI)[[#bib0385|<sup>22</sup>]] . Estas técnicas são particularmente importantes na deteção de pequenas lesões papilares e de CIS[[#bib0390|<sup>23</sup>]] .     
| 61
+
| 5,6
+
| Periférica esquerda
+
| 6 (3 + 3)
+
| 10
+
| 6 (3 + 3)
+
| 30
+
|-
+
  
! 3
+
A cistoscopia deve assim ser realizada em todos os doentes com suspeita de tumor vesical. No entanto, se existir suspeição de tumor vesical por outros métodos de imagem, poderá ser evitada uma cistoscopia diagnóstica, devendo ser programada ressecção transuretral (RTU‐V), de modo a permitir um diagnóstico histológico[[#bib0370|<sup>19</sup>]] .     
| 61
+
| 8,7
+
| Basal bilateral
+
| 6 (3 + 3)
+
| 15
+
| 6 (3 + 3)
+
| 45
+
|-
+
  
! 4
+
===Diagnóstico e estadiamento por ressonância magnética===
| 62
+
| 5,8
+
| Periférica esquerda
+
| Negativa
+
| 0
+
| Negativa
+
| 0
+
|-
+
  
! 5
+
Em doentes com suspeita clínica de tumor vesical por hematúria franca a diferenciação entre lesões benignas e malignas da bexiga poderia evitar a necessidade de procedimentos diagnósticos invasivos, se excluídos tumores do aparelho urinário alto.
| 64
+
| 5,9
+
| Periférica direita
+
| 6 (3 + 3)
+
| 10
+
| 6 (3 + 3)
+
| 45
+
|-
+
  
! 6
+
Neste sentido e desde a sua introdução em 1983, a RM pélvica tem sido indicada como uma técnica fiável para o estadiamento e diagnóstico dos tumores vesicais. A sua capacidade multiplanar, que permite uma adequada visualização de toda a parede vesical, em particular das áreas da cúpula vesical e da região do trígono, bem como das estruturas adjacentes (como a próstata e vesículas seminais), associada à sua elevada resolução de contraste tecidular, tornam esta técnica a uma ferramenta muito útil no diagnóstico de lesões vesicais, com uma precisão diagnóstica superior à da TC[[#bib0350|<sup>15</sup>]] .     
| 64
+
| 6,6
+
| Periférica esquerda
+
| Negativa
+
| 0
+
| Negativa
+
| 0
+
|-
+
  
! 7
+
Contudo, o estadiamento preciso dos tumores vesicais com técnicas de imagem é difícil dada a reduzida espessura da parede vesical, o que condiciona dificuldades na distinção entre tumores com invasão muscular superficial (pT2a) e profunda; e entre invasão muscular profunda e extensão mínima para a gordura perivesical (pT3a)[[#bib0395|<sup>24</sup>]] .     
| 65
+
| 9,8
+
| Basal direita
+
| 6 (3 + 3)
+
| 50
+
| 6 (3 + 3)
+
| 10
+
|-
+
  
! 8
+
Por outro lado há que ter presentes as contraindicações para estudo RM: presença de implantes/próteses metálicas, pacemakers ou claustrofobia, entre outros.
| 65
+
| 12,4
+
| Basal esquerda
+
| 7 (3 + 4)
+
| 50
+
| 7 (4 + 3)
+
| 60
+
|-
+
  
! 9
+
====Protocolos de ressonância magnética convencionais====
| 65
+
| 15,3
+
| Periférica bilateral
+
| 8 (4 + 4)
+
| 85
+
| 8 (4 + 4)
+
| 90
+
|-
+
  
! 10
+
Atualmente, o estadiamento imagiológico do cancro da bexiga é geralmente realizado utilizando combinação de sequências anatómicas ponderadas em T2 e estudo após administração de gadolínio.
| 65
+
| 19,2
+
| Periférica bilateral
+
| 7 (4 + 3)
+
| 60
+
| 7 (4 + 3)
+
| 75
+
|-
+
  
! 11
+
A RM com estudo dinâmico após administração de contraste consiste numa técnica funcional que fornece informação acerca da microvasculatura dos tecidos. Este facto assume uma importância preponderante no diagnóstico do cancro da bexiga, uma vez que o crescimento tumoral se associa diretamente com a angiogénese tumoral. Por sua vez, a densidade microvascular relaciona‐se diretamente com o grau tumoral e capacidade de metastização[[#bib0400|<sup>25</sup>]] .     
| 66
+
| 16,3
+
| Anterior bilateral
+
| Negativa
+
| 0
+
| 7 (3 + 4)
+
| 45
+
|-
+
  
! 12
+
Classicamente as lesões tumorais captam mais contraste que os tecidos saudáveis adjacentes, permitindo assim identificar lesões malignas. Contudo, no estudo dinâmico além da avaliação visual do grau de captação lesional é possível ainda derivar alguns parâmetros semiquantitativos a partir de uma curva de intensidade de sinal/tempo que refletem as alterações de sinal ao longo do tempo, isto é, de forma simplificada a rapidez com que o contraste é captado (taxa de wash‐in) ou libertado dos tecidos (taxa de wash‐out).
| 66
+
| 6,8
+
| Apical direita
+
| 6 (3 + 3)
+
| 20
+
| 6 (3 + 3)
+
| 45
+
|-
+
  
! 13
+
Na maioria dos estudos publicados a acuidade diagnóstica da RM com contraste variou entre 52‐93%<sup>[[#bib0405|26]]  ;  [[#bib0410|27]]</sup> .     
| 67
+
| 5,7
+
| Periférica direita
+
| Negativa
+
| 0
+
| Negativa
+
| 0
+
|-
+
  
! 14
+
No entanto, o sobre‐estadiamento dos tumores confinados à bexiga parece ser uma desvantagem da RM convencional uma vez que as sequências ponderadas em T2 não permitem diferenciar as várias camadas da parede da bexiga[[#bib0350|<sup>15</sup>]] .     
| 67
+
| 6,4
+
| Periférica direita
+
| 6 (3 + 3)
+
| 25
+
| 7 (3 + 4)
+
| 50
+
|-
+
  
! 15
+
Há ainda que considerar que a administração endovenosa de produtos de contraste à base de gadolínio está contraindicada em doentes com insuficiência renal. Para superar estas limitações, vários trabalhos recentes têm investigado o uso das sequências de difusão (diffusion weighted imaging ‐ DWI) no diagnóstico dos tumores da bexiga[[#bib0415|<sup>28</sup>]] .     
| 67
+
| 10,3
+
| Periférica esquerda
+
| Negativa
+
| 0
+
| Negativa
+
| 0
+
|-
+
  
! 16
+
====Estudos de difusão (diffusion weighted imaging)====
| 67
+
| 8,5
+
| Periférica direita
+
| 6 (3 + 3)
+
| 25
+
| 7 (4 + 3)
+
| 25
+
|-
+
  
! 17
+
As técnicas de difusão na RM são técnicas não invasivas, que refletem os movimentos Brownianos das moléculas de água nos tecidos e não requerem administração de contraste endovenoso ou exposição à radiação ionizante.
| 62
+
| 7,9
+
| Anterior bilateral
+
| Negativa
+
| 0
+
| 7 (3 + 4)
+
| 40
+
|-
+
  
! 18
+
A DWI foi aplicada pela primeira vez no cérebro, onde se tornou o gold standard para o diagnóstico de AVC agudo, uma vez que as mudanças microestruturais observadas na DWI precedem as alterações anatómicas detetadas nas sequências morfológicas convencionais<sup>[[#bib0420|29]]  ;  [[#bib0425|30]]</sup> . A sua aplicação a nível extracraniano é mais complexa devido aos artefactos de movimento fisiológicos (respiração, batimentos cardíacos e peristalse intestinal)[[#bib0430|<sup>31</sup>]] . Contudo, com as melhorias técnicas progressivas, incluindo sequências cada vez mais rápidas, a aplicação da DWI tem sido alargada à deteção/caracterização tumoral em vários órgãos<sup>[[#bib0430|31]]  ;  [[#bib0435|32]]</sup> .     
| 62
+
| 12,4
+
| Basal bilateral
+
| 7 (3 + 4)
+
| 50
+
| 7 (3 + 4)
+
| 75
+
|-
+
  
! 19
+
As lesões malignas, pela elevada celularidade, desorganização arquitetural e redução do espaço extracelular que as caracterizam têm maior restrição à movimentação livre das moléculas de água, o que se traduz por sinal elevado nas sequências de difusão. A partir de aquisições com diferentes gradientes de difusão, isto é, diferentes valores de b, é possível quantificar a restrição a nível tecidular e a elaboração de mapas de coeficiente de difusão aparente (ADC). As lesões tumorais tipicamente apresentam baixo sinal nos mapas ADC[[#bib0440|<sup>33</sup>]] . Contrariamente, as lesões benignas são menos restritivas ao movimento das moléculas de água pelo que não apresentam hipersinal nas sequências de difusão (dificultando a sua identificação nas sequências com valores de b elevados). Nos mapas ADC, pelo contrário, têm sinal elevado/moderado.     
| 62
+
| 8,2
+
| Apical esquerda
+
| Negativa
+
| 0
+
| 6 (3 + 3)
+
| 15
+
|-
+
  
! 20
+
A DWI tem assim sido considerada útil para deteção e estadiamento tumoral, com uma precisão diagnóstica que ronda 94% e uma precisão de estadiamento entre 63‐96%<sup>[[#bib0445|34]] ; [[#bib0450|35]] ; [[#bib0455|36]] ; [[#bib0460|37]] ; [[#bib0465|38]]  ;  [[#bib0470|39]]</sup> . A superioridade da DWI em relação às sequências convencionais verifica‐se sobretudo nos tumores confinados à bexiga[[#bib0350|<sup>15</sup>]] .     
| 63
+
| 6
+
| Periférica esquerda
+
| 6 (3 + 3)
+
| 25
+
| 6 (3 + 3)
+
| 45
+
|-
+
  
! 21
+
Como desvantagem da DWI há, no entanto, que considerar a impossibilidade de visualização do lúmen uretral, contrariamente à cistoscopia convencional[[#bib0475|<sup>40</sup>]] .     
| 63
+
| 5,8
+
| Zona de transição
+
| Negativa
+
| 0
+
| Negativa
+
| 0
+
|-
+
  
! 22
+
===Estadiamento ganglionar===
| 63
+
| 6,3
+
| Periférica direita
+
| 6 (3 + 3)
+
| 30
+
| 6 (3 + 3)
+
| 60
+
|-
+
  
! 23
+
A presença de adenopatias pélvicas é um fator de prognóstico major e decisivo para o planeamento terapêutico dos tumores vesicais<sup>[[#bib0480|41]]  ;  [[#bib0485|42]]</sup> .     
| 64
+
| 7,4
+
| Periférica bilateral
+
| 6 (3 + 3)
+
| 25
+
| 7 (3 + 4)
+
| 45
+
|-
+
  
! 24
+
O estadiamento ganglionar é geralmente baseado em critérios dimensionais, considerando‐se um limiar de 8‐10 mm de menor eixo para considerar adenopatias patológicas nas técnicas de imagem[[#bib0490|<sup>43</sup>]] . Contudo, em cerca de 25% dos doentes tratados cirurgicamente, que apresentavam gânglios pélvicos normodimensionados nos estudos imagiológicos pré‐operatórios, verificou‐se a presença de metastização ganglionar. Por outro lado, os gânglios reativos/inflamatórios podem encontrar‐se aumentados mimetizando adenopatias patológicas<sup>[[#bib0495|44]]  ;  [[#bib0500|45]]</sup> .     
| 61
+
| 8,3
+
| Apical direita
+
| Negativa
+
| 0
+
| Negativa
+
| 0
+
|-
+
  
! 25
+
A DWI terá uma capacidade potencial em discriminar os gânglios benignos dos malignos, uma vez que se espera que nos segundos exista restrição aos movimentos das moléculas de água devido à elevada celularidade, resultando em baixos valores de ADC. Contudo, os estudos nesta área ainda são limitados e com resultados discrepantes[[#bib0415|<sup>28</sup>]] .     
| 65
+
| 9,1
+
| Periférica esquerda
+
| 7 (3 + 4)
+
| 55
+
| 7 (3 + 4)
+
| 60
+
|-
+
  
! 26
+
===Follow‐up===
| 66
+
| 7,7
+
| Anterior esquerda
+
| Negativa
+
| 0
+
| 7 (3 + 4)
+
| 40
+
|-
+
  
! 27
+
A elevada frequência de recidiva local e possibilidade de progressão dos tumores vesicais denota a importância da vigilância apertada em doentes com tumores NMI.
| 67
+
| 6,1
+
| Basal direita
+
| Negativa
+
| 0
+
| NegativaNegativa
+
| 0
+
|-
+
  
! 28
+
Existem várias estratégias de follow‐up, contudo, de forma mais comum os doentes são reavaliados a cada 3 meses nos 2 primeiros anos após diagnóstico, seguindo‐se vigilância bianual durante mais 2‐3 anos e anual a partir desse período[[#bib0505|<sup>46</sup>]] .     
| 63
+
| 8,1
+
| Apical esquerda
+
| 7 (3 + 4)
+
| 30
+
| 7 (4 + 3)
+
| 45
+
|-
+
  
! 28
+
O follow‐up inclui avaliação clínica, citologia urinária e cistoscopia.
| 65
+
| 10,8
+
| Basal esquerda
+
| 7 (3 + 4)
+
| 25
+
| 8 (4 + 4)
+
| 60
+
|-
+
  
! 30
+
Para follow‐up, a sensibilidade da cistoscopia ronda 94%, contudo, no caso específico dos CIS permanece na ordem dos 60%[[#bib0510|<sup>47</sup>]] .     
| 64
+
| 11,7
+
| Zona de transição
+
| Negativa
+
| 0
+
| 6 (3 + 3)
+
| 30
+
|}
+
  
Foi detetada a presença de CaP em 22 doentes, o que se traduz numa taxa global de deteção de CaP de 73%. Tendo em conta que todos os doentes a quem foi detetado CaP apresentaram resultados positivos nos fragmentos dirigidos, esta é também a taxa de deteção de CaP por biópsia de fusão cognitiva. Apenas 17 doentes apresentaram CaP nos fragmentos de biópsia aleatória, traduzindo‐se numa taxa de deteção tumoral por esta técnica de 56%.
+
Apesar da vigilância da recidiva se basear historicamente na cistoscopia, este procedimento tem desvantagens: trata‐se de um procedimento invasivo, com elevado custo e que pode associar‐se a complicações como perfuração vesical ou urosépsis[[#bib0515|<sup>48</sup>]] .    
  
Em 5 casos detetou‐se a presença de cancro apenas nos fragmentos resultantes de biópsia dirigida, resultando num acréscimo de deteção de CaP de 17% quando comparado com a biópsia aleatória (p = 0,06).
+
A possibilidade de se recorrer a um método radiológico que consiga diferenciar de forma consistente entre alterações benignas pós‐terapêuticas e recidiva/persistência tumoral permitiria evitar a necessidade de cistoscopia invasiva. A RM parece ser uma técnica com potencial para colmatar esta necessidade.
  
Em nenhum doente com biópsia de fusão negativa foi documentada a presença de tumor por biópsia aleatória.
+
Há, no entanto, que ter presente que a realização de RTU‐V prévia prejudica a precisão diagnóstica dos estudos RM posteriores pela presença de fenómenos inflamatórios[[#bib0415|<sup>28</sup>]] . Por outro lado, as alterações fibróticas e a inflamação decorrente quer da quimioterapia intravesical quer da RTU‐V são difíceis de distinguir de recidiva nas sequências morfológicas convencionais de RM, uma vez que se manifestam ambas apenas por espessamento parietal vesical[[#bib0520|<sup>49</sup>]] .    
  
Dos 360 fragmentos recolhidos por biópsia aleatória, 169 eram positivos para cancro (47%), com um valor mediano de tecido neoplásico por fragmento de 25% (5‐85%). O score de Gleason mais frequentemente encontrado nestes fragmentos foi de 6 (3 + 3).
+
No que respeita à DWI, um estudo recente publicado demostrou a utilidade desta técnica no follow‐up de doentes com tumores vesicais superficiais após RTU‐V, revelando uma elevada fiabilidade da DWI na distinção entre alterações inflamatórias pós RTU‐V e recidiva/tumor residual com resultados que são mesmo semelhantes aos da cistoscopia convencional[[#bib0475|<sup>40</sup>]] .    
  
As biópsias dirigidas originaram um total de 150 fragmentos, dos quais 105 continham CaP (70%) numa extensão mediana de 45% por fragmento (10‐90%). Verificou‐se ainda uma alteração ao padrão de Gleason mais frequente, sendo neste caso de 7 (3 + 4) (p = 0,08).
+
Outras vantagens apontadas a esta técnica são a ausência de radiação ionizante, da necessidade de administração de contraste endovenoso e o facto de acrescer apenas alguns minutos ao protocolo do estudo RM convencional.
  
A taxa de biopsias positivas quando dirigidas por fusão (70%) foi claramente superior à taxa de biopsias positivas da técnica standard (aleatórias) (47%).
+
===Novos desenvolvimentos===
  
==Discussão==
+
Recentemente, a RM funcional (estudo dinâmico e DWI) tem sido apontada como possível método de avaliação da agressividade tumoral: a taxa de wash‐out do contraste tende a ser mais elevada nos tumores de baixo grau, uma vez que nas lesões mais agressivas a microarquitectura tumoral (com maior celularidade) e neoangiogénese mais complexa poderão justificar um maior atraso na excreção do contraste relativamente a lesões menos agressivas. Por outro lado, o valor de ADC pode também refletir a agressividade tumoral, com valores de ADC significativamente inferiores para lesões mais agressivas (devido à maior celularidade e consequente maior restrição à movimentação das moléculas de água) comparativamente aos tumores de baixo grau<sup>[[#bib0445|34]] ; [[#bib0525|50]] ; [[#bib0530|51]]  ;  [[#bib0535|52]]</sup> .     
  
O potencial da RM‐mp prébiópsia tem sido extensamente documentado em diversos estudos<sup>[[#bib0245|16]] ; [[#bib0260|19]]  ;  [[#bib0265|20]]</sup> , tendo inclusivamente sido elaboradas guidelines para a sua correta realização e interpretação pela Sociedade Europeia de Radiologia Urogenital[[#bib0170|<sup>1</sup>]] .       
+
Contudo, continua a existir uma sobreposição substancial nos valores de ADC entre os tumores de alto e de baixo grau, o que limita de alguma forma a utilidade potencial da DWI neste campo[[#bib0415|<sup>28</sup>]] .       
  
Os benefícios da biópsia prostática dirigida, guiada por RM‐mp, encontram‐se descritos em diversos estudos, no entanto, a sua validação ainda se encontra em curso<sup>[[#bib0270|21]] ; [[#bib0275|22]]  ;  [[#bib0280|23]]</sup> .       
+
Ainda no caso da DWI, um estudo recente demonstrou existir uma relação entre valores de ADC mais baixos e uma maior expressão de Ki‐67 (um marcador de proliferação celular reconhecidamente associado ao cancro da bexiga)[[#bib0540|<sup>53</sup>]] .       
  
Em teoria, uma localização precisa apenas de lesões de CaP clinicamente significativas antes da biópsia poderia superar as limitações importantes associadas à biópsia aleatória. A colheita dirigida de fragmentos de zonas fortemente suspeitas levaria a uma redução dos falsos negativos e de casos de CaP insignificantes melhorando a precisão diagnóstica e a estratificação de risco.
+
Por outro lado, o papel da DWI na previsão da resposta à terapêutica tem vindo também a ser estudado, nomeadamente no que respeita à eventual sensibilidade aos esquemas de quimioradioterapia dos tumores MI: lesões com valores de ADC mais baixos são mais suscetíveis a ter uma resposta favorável[[#bib0545|<sup>54</sup>]] . A especificidade e precisão calculadas para a DWI (92 e 80%, respetivamente) para prever resposta completa são significativamente superiores em comparação com as sequências morfológicas T2 (45 e 44%, respetivamente) e DCE (18 e 33%, respetivamente)[[#bib0550|<sup>55</sup>]] . Se estes dados vierem a ser confirmados por mais estudos a DWI poderá funcionar como um biomarcador na resposta ao tratamento, eventualmente, permitindo a otimização terapêutica individual.    
  
Relativamente ao método de biópsia dirigida, não se encontra ainda comprovada a superioridade de um método em relação a outro. Todos têm as suas vantagens e desvantagens. O que se sabe é que, independentemente do método escolhido, a biópsia dirigida apresenta maior eficácia que a biópsia aleatória convencional<sup>[[#bib0265|20]]  ;  [[#bib0285|24]]</sup> .     
+
==Conclusões==
  
Neste trabalho procurou‐se comparar a eficácia da biópsia prostática dirigida por cognição com a biópsia aleatória em doentes com suspeita clínica de CaP e sem nunca terem realizado previamente biópsia prostática. Para tal foi fundamental a realização prévia de RM‐mp. Trata‐se de uma abordagem ainda pouco habitual. Habitualmente a RM é realizada após diagnóstico estabelecido de CaP para estadiamento, ou em doentes com biópsias prostáticas prévias negativas, mas com persistente suspeita clinica de CaP. No entanto, vários autores defendem a realização de RM‐mp prébiópsia<sup>[[#bib0290|25]] ; [[#bib0295|26]] ; [[#bib0300|27]] ; [[#bib0305|28]] ; [[#bib0310|29]] ; [[#bib0315|30]] ; [[#bib0320|31]]  ;  [[#bib0325|32]]</sup> .    
+
Os tumores da bexiga são comuns e acarretam elevada morbilidade associada. Estão também associados a custos elevados e esquemas de follow‐up prolongados e invasivos para o doente, com realização frequente de cistoscopia.
  
A taxa global de deteção de cancro por biópsia prostática no nosso estudo é de 73%, bastante acima do encontrado na maioria dos estudos internacionais. Pensamos que este facto esteja relacionado com a seleção dos doentes na nossa amostra, pois só incluímos doentes que, além do aumento do PSA, apresentavam imagens fortemente sugestivas de CaP na RM‐mp.
+
Atualmente, as técnicas de imagem funcionais por RM têm um papel estabelecido no diagnóstico e seguimento de doentes oncológicos. Em particular a DWI tem sido considerada uma ferramenta extremamente útil na deteção, estadiamento, determinação do grau histológico, avaliação da resposta ao tratamento e deteção de recidiva dos tumores vesicais. É ainda uma técnica não invasiva e que não necessita de administração de contraste endovenoso, alargando assim o espectro de doentes que dela podem beneficiar.
  
No nosso estudo, apesar da biópsia de fusão ter originado maior taxa de deteção de CaP, quando comparada com a biópsia aleatória, tal facto não evidenciou diferença estatisticamente significativa (p = 0,06).
+
No entanto, o número de equipamentos de RM disponíveis no país não se encontra dimensionado para estudos frequentes de follow‐up, pelo que o seu acesso se encontra ainda limitado.
  
No entanto, a taxa de fragmentos positivos quando dirigidos por cognição é muito superior (70%) à taxa de fragmentos positivos na biopsia aleatória (47%). Por outras palavras o número de fragmentos necessários para obter um fragmento positivo foi muito superior na biópsia aleatória.
+
No futuro, com o desenvolvimento da técnica e tendo em conta as suas vantagens, talvez possamos assistir a uma maior implantação da mesma.
  
Quanto à deteção de CaP clinicamente significativo[[#bib0330|<sup>33</sup>]] , os nossos resultados são concordantes com a maioria dos estudos. Em 6 doentes (27%) ocorreu um aumento no score de Gleason com a biópsia dirigida, e em nenhum doente a biópsia dirigida identificou Gleason score inferior ao detetado por biopsia aleatória. No entanto, na nossa amostra, esta variação também não foi estatisticamente significativa (p = 0,08)     
+
==Conflito de interesses==
  
Cinco doentes (17%) apresentaram resultados negativos na biópsia convencional e positivos nos fragmentos dirigidos, 2 dos quais com score de Gleason de 7 (3 + 4). Apesar do baixo número de casos limitar esta conclusão, constatou‐se que a maioria destes doentes tinham lesões localizadas em topografia anterior e no ápex, áreas eventualmente menos abrangidas pela biópsia aleatória, aspetos que poderão ser melhor abordados num estudo de maior dimensão. No entanto, também foram detetados focos tumorais periféricos não apanhados pela biópsia tradicional.
+
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
 
+
Na grande maioria dos doentes com resultados positivos nas 2 técnicas registou‐se ainda um aumento na fração de cancro por fragmento, um dos critérios de Epstein para a distinção entre tumores clinicamente significativos dos não significativos[[#bib0330|<sup>33</sup>]] .     
+
 
+
O nosso estudo apresenta algumas limitações. Apesar de se tratar de um estudo prospetivo, ele é não randomizado uma vez que todos os doentes são submetidos às 2 técnicas. A amostra em si é reduzida, levando a uma menor potência dos resultados, nomeadamente na análise estatística. No entanto, os nossos resultados vão de encontro aos encontrados nos estudos recentes.
+
 
+
==Conclusão==
+
 
+
Este estudo demonstrou uma superioridade da biópsia guiada por fusão visual com RM‐mp da próstata em relação à biópsia standard não só no que diz respeito à taxa de deteção tumoral global (73% vs. 56%), mas também na deteção de tumores clinicamente significativos, ao aumentar o score de Gleason e a percentagem tumoral por fragmento. Apesar de não se ter verificado diferença estatisticamente significativa, pensamos que tal facto se deve ao reduzido tamanho da amostra, sugerindo que se continuem a incluir doentes para se poderem consolidar os resultados.
+
 
+
A técnica de fusão usada tem algumas desvantagens. É necessária experiência a interpretar as imagens de RM‐mp e é extremamente dependente de quem realiza a biópsia. No entanto, é uma técnica barata, que não necessita de equipamento adicional e que pode ser rapidamente implementada em qualquer centro.
+
  
 
==Responsabilidades éticas==
 
==Responsabilidades éticas==
Line 488: Line 199:
 
===Confidencialidade dos dados===
 
===Confidencialidade dos dados===
  
Os autores declaram ter seguido os protocolos do seu centro de trabalho acerca da publicação dos dados de pacientes.
+
Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.
  
 
===Direito à privacidade e consentimento escrito===
 
===Direito à privacidade e consentimento escrito===
  
Os autores declaram ter recebido consentimento escrito dos pacientes e/ou sujeitos mencionados no artigo. O autor para correspondência deve estar na posse deste documento.
+
Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.
 
+
==Conflito de interesses==
+
 
+
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
+
  
==Bibliografia==
+
==Referências==
  
<ol style='list-style-type: none;margin-left: 0px;'><li><span id='bib0170'></span>
+
<ol style='list-style-type: none;margin-left: 0px;'><li><span id='bib0280'></span>
[[#bib0170|1]] M.A. Bjurlin, X. Meng, J. Le Nobin, J.S. Wysock, H. Lepor, A.B. Rosenkrantz,  ''et al.''; Optimization of prostate biopsy: The role of magnetic resonance imaging targeted biopsy in detection, localization and risk assessment; J Urol, 192 (3) (2014), pp. 648–658</li>
+
[[#bib0280|1]] J. Ferlay, I. Soerjomataram, M. Ervik, R. Dikshit, S. Eser, C. Mathers, M. Rebelo, D.M. Parkin, D. Forman, F. Bray; GLOBOCAN 2012 v1.0, Cancer Incidence and Mortality Worldwide: IARC CancerBase No. 11 [Internet]. Lyon; International Agency for Research on Cancer, France (2013)</li>
<li><span id='bib0175'></span>
+
[[#bib0175|2]] S. Loeb, A. Vellekoop, H.U. Ahmed, J. Catto, M. Emberton, R. Nam, ''et al.''; Systematic review of complications of prostate biopsy; Eur Urol, 64 (6) (2013), pp. 876–892</li>
+
<li><span id='bib0180'></span>
+
[[#bib0180|3]] M.A. Bjurlin, H.B. Carter, P. Schellhammer, M.S. Cookson, L.G. Gomella, D. Troyer,  ''et al.''; Optimization of initial prostate biopsy in clinical practice: Sampling, labeling and specimen processing; J Urol, 189 (2013), p. 2039</li>
+
<li><span id='bib0185'></span>
+
[[#bib0185|4]] D.J. Rosario, J.A. Lane, C. Metcalfe, J.L. Donovan, A. Doble, L. Goodwin,  ''et al.''; Short term outcomes of prostate biopsy in men tested for cancer by prostate specific antigen: Prospective evaluation within ProtecT study; BMJ, 344 (2012), p. d7894</li>
+
<li><span id='bib0190'></span>
+
[[#bib0190|5]] S. Loeb, H.B. Carter, S.I. Berndt, W. Ricker, E.M. Schaeffer; Complications after prostate biopsy: Data from SEER–Medicare; J Urol, 186 (2011), pp. 1830–1834</li>
+
<li><span id='bib0195'></span>
+
[[#bib0195|6]] R. Chowdhury, A. Abbas, S. Idriz, A. Hoy, E.E. Rutherford, J.M. Smart; Should warfarin or aspirin be stopped prior to prostate biopsy? An analysis of bleeding complications related to increasing sample number regimes; Clin Radiol, 67 (2012), pp. e64–e70</li>
+
<li><span id='bib0200'></span>
+
[[#bib0200|7]] M. Perera, N. Lawrentschuk, D. Bolton, D. Clouston; Comparison of contemporary methods for estimating prostate tumour volume in pathological specimens; BJU Int, 113 (2014), pp. 29–34</li>
+
<li><span id='bib0205'></span>
+
[[#bib0205|8]] I. Meiers, D.J. Waters, D.G. Bostwick; Preoperative prediction of multifocal prostate cancer and application of focal therapy: Review 2007; Urology, 70 (2007), pp. S3–S8</li>
+
<li><span id='bib0210'></span>
+
[[#bib0210|9]] R. Arora, M.O. Koch, J.N. Eble, T.M. Ulbright, L. LiL-Cheng; Heterogeneity of Gleason grade in multifocal adenocarcinoma of the prostate; Cancer, 100 (2004), pp. 2362–2366</li>
+
<li><span id='bib0215'></span>
+
[[#bib0215|10]] W. Liu, S. Laitinen, S. Khan, M. Vihinem, J. Kowalski, G. Yu,  ''et al.''; Copy number analysis indicates monoclonal origin of lethal metastatic prostate cancer; Nat Med, 15 (2009), pp. 559–565</li>
+
<li><span id='bib0220'></span>
+
[[#bib0220|11]] S.L. Washington, M. Bonham, J.M. Whitson, J.E. Cowan, P.R. Carroll; Transrectal ultrasonography‐guided biopsy does not reliably identify dominant cancer location in men with low‐risk prostate cancer; BJU Int, 110 (2011), pp. 50–55</li>
+
<li><span id='bib0225'></span>
+
[[#bib0225|12]] G. Giannarini, M. Zazzara, M. Rossanese, V. Palumbo, M. Pancot, G. Como,  ''et al.''; Will multi‐parametric magnetic resonance imaging be the future tool to detect clinically significant prostate cancer?; Front Oncol., 4 (2014), p. 294</li>
+
<li><span id='bib0230'></span>
+
[[#bib0230|13]] B. Turkbey, H. Mani, V. Shah, A.R. Rastinehad, M. Bernardo, T. Pohida,  ''et al.''; Multiparametric 3T prostate magnetic resonance imaging to detect cancer: Histopathological correlation using prostatectomy specimens processed in customized magnetic resonance imaging based molds; J Urol, 186 (2011), pp. 1818–1824</li>
+
<li><span id='bib0235'></span>
+
[[#bib0235|14]] A.R. Rastinehad, A.A. Baccala, P.H. Chung, J.M. Proano, J. Kruecker, S. Xu,  ''et al.''; D’Amico risk stratification correlates with degree of suspicion of prostate cancer on multiparametric magnetic resonance imaging; J Urol, 185 (2011), pp. 815–820</li>
+
<li><span id='bib0240'></span>
+
[[#bib0240|15]] E. Baco, O. Ukimura, E. Rud, L. Vlatkovic, A. Svindland, M. Aron,  ''et al.''; Magnetic Resonance Imaging–Transectal Ultrasound Image‐fusion Biopsies Accurately Characterize the Index Tumor: Correlation with Step‐sectioned Radical Prostatectomy Specimens in 135 Patients; Eur Urol (2014), pp. 1–8</li>
+
<li><span id='bib0245'></span>
+
[[#bib0245|16]] C.M. Moore, N.L. Robertson, N. Arsanious, T. Middleton, A. Villers, A. Klotz,  ''et al.''; Image‐guided prostate biopsy using magnetic resonance imaging‐derived targets: A systematic review; Eur Urol, 63 (2013), pp. 125–140</li>
+
<li><span id='bib0250'></span>
+
[[#bib0250|17]] P. Puech, A. Ouzzane, V. Gaillard, N. Betrouni, B. Renard, A. Villers,  ''et al.''; Multiparametric MRI‐targeted TRUS prostate biopsies using visual registration; Biomed Res Int. (2014), pp. 1–11</li>
+
<li><span id='bib0255'></span>
+
[[#bib0255|18]] M.A. Bjurlin, X. Meng, J. le Nobin, J.S. Wysock, H. Lepor, A.B. Rosenkrantz,  ''et al.''; Review article: Optimization of prostate biopsy: The role of magnetic resonance imaging targeted biopsy in detection, localization and risk assessment; J Urol, 192 (3) (2014), pp. 648–658</li>
+
<li><span id='bib0260'></span>
+
[[#bib0260|19]] M.M. Siddiqui, S. Rais-Bahrami, H. Truong, L. Stamatakis, S. Vourganti, J. Nix,  ''et al.''; Magnetic resonance imaging/ultrasound–fusion biopsy significantly upgrades prostate cancer versus systematic 12‐core transrectal ultrasound biopsy; Eur Urol, 64 (5) (2013), pp. 713–719</li>
+
<li><span id='bib0265'></span>
+
[[#bib0265|20]] P. Puech, O. Rouviere, R. Renard-Penna, A. Villers, P. Devos, M. Colombel,  ''et al.''; Prostate cancer diagnosis: Multiparametric MR‐targeted biopsy with cognitive and transrectal US‐MR fusion guidance versus systematic biopsy–prospective multicenter study; Radiology, 268 (2013), pp. 461–469</li>
+
<li><span id='bib0270'></span>
+
[[#bib0270|21]] N.B. Delongchamps, M. Rouanne, T. Flam, F. Beuvon, M. Liberatore, M. Zerbib,  ''et al.''; Multiparametric magnetic resonance imaging for the detection and localization of prostate cancer: Combination of T2‐weighted, dynamic contrast‐enhanced and diffusion‐weighted imaging; BJU Int, 107 (2011), p. 1411</li>
+
<li><span id='bib0275'></span>
+
[[#bib0275|22]] J. Haffner, L. Lemaitre, P. Puech, G.P. Haber, X. Leroy, J.S. Jones,  ''et al.''; Role of magnetic resonance imaging before initial biopsy: Comparison of magnetic resonance imaging‐targeted and systematic biopsy for significant prostate cancer detection; BJU Int, 108 (2011), p. E171</li>
+
<li><span id='bib0280'></span>
+
[[#bib0280|23]] N. Numao, S. Yoshida, Y. Komai, C. Ishii, M. Kagawa, T. Kijima,  ''et al.''; Usefulness of pre‐biopsy multiparametric magnetic resonance imaging and clinical variables to reduce initial prostate biopsy in men with suspected clinically localized prostate cancer; J Urol, 190 (2013), p. 502</li>
+
 
<li><span id='bib0285'></span>
 
<li><span id='bib0285'></span>
[[#bib0285|24]] J.S. Wysock, A.B. Rosenkrantz, W.C. Huang, M.D. Stifelman, H. Lepor, F.M. Deng,  ''et al.''; A prospective, blinded comparison of magnetic resonance (MR) imaging–ultrasound fusion and visual estimation in the performance of MR‐targeted prostate biopsy: The PROFUS trial; Eur Urol, 66 (2) (2014), pp. 343–351</li>
+
[[#bib0285|2]] J. Ferlay, E. Steliarova-Foucher, J. Lortet-Tieulent, S. Rosso, J.W.W. Coebergh, H. Comber,  ''et al.''; Cancer incidence and mortality patterns in Europe: Estimates for 40 countries in 2012; Eur J Cancer., 49 (6) (2013 Apr), pp. 1374–1403</li>
 
<li><span id='bib0290'></span>
 
<li><span id='bib0290'></span>
[[#bib0290|25]] A. Ouzzane, P. Puech, L. Lemaitre, X. Leroy, P. Nevoux, N. Betrouni,  ''et al.''; Combined multiparametric MRI and targeted biopsies improve anterior prostate cancer detection, staging, and grading; Urology, 78 (6) (2011), pp. 1356–1362</li>
+
[[#bib0290|3]] American Cancer Society. Cancer facts and figures 2006. Atlanta, Georgia: American Cancer Society; 2006.</li>
 
<li><span id='bib0295'></span>
 
<li><span id='bib0295'></span>
[[#bib0295|26]] T. Hambrock, D.M. Somford, C. Hoeks, S.A. Bouwense, H. Huisman, D. Yakar,  ''et al.''; Magnetic resonance imaging guided prostate biopsy in men with repeat negative biopsies and increased prostate specific antigen; J Urol, 183 (2) (2010), pp. 520–527</li>
+
[[#bib0295|4]] P.J. McCahy, C.A. Harris, E. Neal; The accuracy of recording of occupational history in patients with bladder cancer; Br J Urol, 79 (1997), pp. 91–93</li>
 
<li><span id='bib0300'></span>
 
<li><span id='bib0300'></span>
[[#bib0300|27]] H.U. Ahmed, A. Kirkham, M. Arya, R. Illing, A. Freeman, C. Allen,  ''et al.''; Is it time to consider a role for MRI before prostate biopsy?; Nat Rev Clin Oncol, 6 (4) (2009), pp. 197–206</li>
+
[[#bib0300|5]] M.P. Zeegers, F.E. Tan, E. Dorant, P.A. van Den Brandt; The impact of characteristics of cigarette smoking on urinary tract cancer risk: A meta‐analysis of epidemiologic studies; Cancer, 89 (2000), pp. 630–639</li>
 
<li><span id='bib0305'></span>
 
<li><span id='bib0305'></span>
[[#bib0305|28]] V. Kumar, N.R. Jagannathan, S. Thulkar, R. Kumar; Prebiopsy magnetic resonance spectroscopy and imaging in the diagnosis of prostate cancer; Int J Urol, 19 (7) (2012), pp. 602–613</li>
+
[[#bib0305|6]] International Agency for Research on Cancer. Overall evaluations of carcinogenicity: an updating of IARC monographs volumes 1 to 42 [suppl 7]. Lyon, France: IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans; 1987. p. 1‐42.</li>
 
<li><span id='bib0310'></span>
 
<li><span id='bib0310'></span>
[[#bib0310|29]] D.A. Levy, J.S. Jones; Management of rising prostate‐specific antigen after a negative biopsy; Curr Urol Rep, 12 (3) (2011), pp. 197–202</li>
+
[[#bib0310|7]] A.F. Kantor, P. Hartge, R.N. Hoover, A.S. Narayana, J.W. Sullivan, J.F. Fraumeni Jr.; Urinary tract infection and risk of bladder cancer; Am J Epidemiol, 119 (1984), pp. 510–515</li>
 
<li><span id='bib0315'></span>
 
<li><span id='bib0315'></span>
[[#bib0315|30]] C. Arsov, M. Quentin, R. Rabenalt, G. Antoch, P. Albers, D. Blondin; Repeat transrectal ultrasound biopsies with additional targeted cores according to results of functional prostate MRI detects high‐risk prostate cancer in patients with previous negative biopsy and increased PSA: A pilot study; Anticancer Res, 32 (3) (2012), pp. 1087–1092</li>
+
[[#bib0315|8]] L.B. Travis, R.E. Curtis, B. Glimelius, E.J. Holowaty, F.E. Van Leeuwen, C.F. Lynch,  ''et al.''; Bladder and kidney cancer following cyclophosphamide therapy for non‐Hodgkins lymphoma; J Natl Cancer Inst, 87 (1995), pp. 524–530</li>
 
<li><span id='bib0320'></span>
 
<li><span id='bib0320'></span>
[[#bib0320|31]] H.P. Schlemmer; Prostate cancer: Localizing the cancer in patients with persistent negative biopsies; Cancer Imaging, 11 (issue A) (2011), p. S1</li>
+
[[#bib0320|9]] J.M. Kaldor, N.E. Day, B. Kittelmann, F. Pettersson, F. Langmark, D. Pedersen,  ''et al.''; Bladder tumours following chemotherapy and radiotherapy for ovarian cancer: A case‐control study; Int J Cancer, 63 (1995), pp. 1–6</li>
 
<li><span id='bib0325'></span>
 
<li><span id='bib0325'></span>
[[#bib0325|32]] A.B. Cheikh, N. Girouin, M. Colombel, J.M. Maréchal, A. Gelet, A. Bissery,  ''et al.''; Evaluation of T2‐weighted and dynamic contrast‐enhanced MRI in localizing prostate cancer before repeat biopsy; Eur Radiol, 19 (3) (2009), pp. 770–778</li>
+
[[#bib0325|10]] S. Boorjian, J.E. Cowan, B.R. Konety, J. DuChane, A. Tewari, P.R. Carroll,  ''et al.''; Bladder cancer incidence and risk factors in men with prostate cancer: Results from Cancer of the Prostate Strategic Urologic Research Endeavor; J Urol, 177 (2007), pp. 883–887</li>
 
<li><span id='bib0330'></span>
 
<li><span id='bib0330'></span>
[[#bib0330|33]] J.I. Epstein, P.C. Walsh, M. Carmichael, C.B. Brendler; Pathologic and clinical findings to predict tumor extent of nonpalpable (stage T1c) prostate cancer; JAMA, 271 (1994), pp. 368–374</li>
+
[[#bib0330|11]] N.E. Fleshner, H.W. Herr, A.K. Stewart, G.P. Murphy, C. Mettlin, H.R. Menck; The National Cancer Data Base report on bladder carcinoma. The American College of Surgeons Commission on Cancer and the American Cancer Society; Cancer, 78 (1996), pp. 1505–1513</li>
 +
<li><span id='bib0335'></span>
 +
[[#bib0335|12]] A.F. Kantor, P. Hartge, R.N. Hoover, J.F. Fraumeni Jr.; Epidemiological characteristics of squamous cell carcinoma and adenocarcinoma of the bladder; Cancer Res, 48 (1988), pp. 3853–3855</li>
 +
<li><span id='bib0340'></span>
 +
[[#bib0340|13]] C.F. Lynch, M.B. Cohen; Urinary system; Cancer, 75 (1995), pp. 316–329</li>
 +
<li><span id='bib0345'></span>
 +
[[#bib0345|14]] M.H. Mostafa, S.A. Sheweita, P.J. O’Connor; Relationship between schistosomiasis and bladder cancer; Clin Micro‐ biol, 1 (1999), pp. 97–111</li>
 +
<li><span id='bib0350'></span>
 +
[[#bib0350|15]] A. El-Assmy, M.E. Abou-El-Ghar, A. Mosbah, A.R. El-Nahas, H.F. Refaie, I.A. Hekal,  ''et al.''; Bladder tumour stagi: Comparison of diffusion‐ and T2‐weighted MR imaging; Eur Radiol, 19 (2009), pp. 1575–1581</li>
 +
<li><span id='bib0355'></span>
 +
[[#bib0355|16]] L.H. Sobin, M. Gospodariwicz, C. Wittekind (Eds.), TNM classification of malignant tumors. UICC International Union Against Cancer (7th edn), Oxford: Wiley‐Blackwell (2009), pp. 262–265</li>
 +
<li><span id='bib0360'></span>
 +
[[#bib0360|17]] M. Burger, J.W. Catto, G. Dalbagni, H.B. Grossman, H. Herr, P. Karakiewicz,  ''et al.''; Epidemiology and risk factors of urothelial bladder cancer; Eur Urol, 63 (2) (2013), pp. 234–241</li>
 +
<li><span id='bib0365'></span>
 +
[[#bib0365|18]] R.J. Sylvester, A.P. van Der Meijden, D.L. Lamm; Intravesical bacillus Calmette‐Guerin reduces the risk of progression in patients with superficial bladder cancer: A meta‐analysis of the published results of randomized clinical trials; J Urol, 168 (5) (2002 Nov), pp. 1964–1970</li>
 +
<li><span id='bib0370'></span>
 +
[[#bib0370|19]] M. Babjuk, A. Böhle, M. Burger,  ''et al.''; EAU guidelines on Guidelines on Non‐muscle‐invasive Bladder Cancer (Ta T1 and CIS); European Association of Urology (2014)</li>
 +
<li><span id='bib0375'></span>
 +
[[#bib0375|20]] M. Colombel, M. Soloway, H. Akaza, A. Böhle, J. Palou, R. Buckley,  ''et al.''; Epidemiology, staging, grading, and risk stratification of bladder cancer; Eur Urol Supplements, 7 (10) (2008), pp. 618–626</li>
 +
<li><span id='bib0380'></span>
 +
[[#bib0380|21]] NBI cystoscopy in routine urological practice ‐ from better vision to improve therapeutic management.</li>
 +
<li><span id='bib0385'></span>
 +
[[#bib0385|22]] G. Cheung, A. Sahai, M. Billia, P. Dasgupta, M.S. Khan; Recent advances in the diagnosis and treatment of bladder cancer; BMC Medicine, 11 (1) (2013)</li>
 +
<li><span id='bib0390'></span>
 +
[[#bib0390|23]] H.W. Herr, S.M. Donat; A comparison of white‐light cystoscopy and narrow‐band imaging cystoscopy to detect bladder tumour recurrences; BJU International, 102 (9) (2008), pp. 1111–1114</li>
 +
<li><span id='bib0395'></span>
 +
[[#bib0395|24]] J.O. Barentsz, G.J. Jager, J.A. Witjes, J.H.J. Ruijs; Primary staging of urinary bladder carcinoma: The role of MR imaging and a comparison with CT; Eur Radiol., 6 (1996), pp. 134–139</li>
 +
<li><span id='bib0400'></span>
 +
[[#bib0400|25]] N. Tuncbilek, M. Kaplan, S. Altaner, I.H. Atakan, N. Süt, O. Inci,  ''et al.''; Value of dynamic contrast‐enhanced MRI and correlation with tumor angiogenesis in bladder cancer; AJR Am J Roentgenol, 192 (4) (2009), pp. 949–955</li>
 +
<li><span id='bib0405'></span>
 +
[[#bib0405|26]] A. Rajesh, H.K. Sokhi, R. Fung, K.A. Mulcahy, M.J. Bankart; Bladder cancer: Evaluation of staging accuracy using dynamic MRI; Clin Radiol, 66 (12) (2011), pp. 1140–1145</li>
 +
<li><span id='bib0410'></span>
 +
[[#bib0410|27]] S. Daneshmand, H. Ahmadi, L.N. Huynh, N. Dobos; Preoperative staging of invasive bladder cancer with dynamic gadolinium‐enhanced magnetic resonance imaging: Results from a prospective study; Urology, 80 (6) (2012), pp. 1313–1318</li>
 +
<li><span id='bib0415'></span>
 +
[[#bib0415|28]] G1 Giannarini, G. Petralia, H.C. Thoeny; Potential and limitations of diffusion‐weighted magnetic resonance imaging in kidney, prostate, and bladder cancer including pelvic lymph node staging: A critical analysis of the literature; Eur Urol., 61 (2) (2012 Feb), pp. 326–340</li>
 +
<li><span id='bib0420'></span>
 +
[[#bib0420|29]] P.W. Schaefer, P.E. Grant, R.G. Gonzalez; Diffusion‐weighted MR imaging of the brain; Radiology, 217 (2000), pp. 331–345</li>
 +
<li><span id='bib0425'></span>
 +
[[#bib0425|30]] J.G. Merino, S. Warach; Imaging of acute stroke; Nat Rev Neurol, 6 (2010), pp. 560–571</li>
 +
<li><span id='bib0430'></span>
 +
[[#bib0430|31]] H.C. Thoeny, F. de Keyzer; Extracranial applications of diffusion‐weighted magnetic resonance imaging; Eur Radiol, 17 (2007), pp. 1385–1393</li>
 +
<li><span id='bib0435'></span>
 +
[[#bib0435|32]] H.C. Thoeny, B.D. Ross; Predicting and monitoring cancer treatment response with diffusion‐weighted MRI; J Magn Reson Imaging, 32 (2010), pp. 2–16</li>
 +
<li><span id='bib0440'></span>
 +
[[#bib0440|33]] D.M. Koh, D.J. Collins; Diffusion‐weighted MRI in the body: Applications and challenges in oncology; AJR Am J Roentgenol, 188 (6) (2007), pp. 1622–1635</li>
 +
<li><span id='bib0445'></span>
 +
[[#bib0445|34]] M. Takeuchi, S. Sasaki, M. Ito, S. Okada, S. Takahashi, T. Kawai,  ''et al.''; Urinary bladder cancer: Diffusion‐weighted MR imaging—accuracy for diagnosing T stage and estimating histologic grade; Radiology, 251 (1) (2009), pp. 112–121</li>
 +
<li><span id='bib0450'></span>
 +
[[#bib0450|35]] A. EI-Assmy, M.E. Abou-EI-Ghar, A. Mosbah, A.R. El-Nahas, H.F. Refaie, I.A. Hekal,  ''et al.''; Bladder tumor staging: Comparison of diffusion‐ and T2‐weighted MR imaging; Eur Radiol, 19 (7) (2009), pp. 1575–1581</li>
 +
<li><span id='bib0455'></span>
 +
[[#bib0455|36]] H.C. Thoeny, R. Forstner, F. de Keyzer; Genitourinary applications of diffusion‐ weighted MR imaging in the pelvis; Radiology, 263 (2) (2012), pp. 326–342</li>
 +
<li><span id='bib0460'></span>
 +
[[#bib0460|37]] A.B. Rosenkrantz, T.G. Mussi, J. Melamed, S.S. Taneja, W.C. Huang; Bladder cancer: Utility of MRI in detection of occult muscle‐invasive disease; Acta Radiol, 53 (6) (2012), pp. 695–699</li>
 +
<li><span id='bib0465'></span>
 +
[[#bib0465|38]] H.J. Wang, M.H. Pui, Y. Guo, D. Yang, B.T. Pan, X.H. Zhou; Diffusion‐weighted MRI in bladder carcinoma: The differentiation between tumor recurrence and benign changes after resection; Abdom Imaging, 39 (1) (2013), pp. 135–141</li>
 +
<li><span id='bib0470'></span>
 +
[[#bib0470|39]] S. Avcu, M.N. Koseoglu, K. Ceylan, M.D. Bulut, O. Unal; The value of diffusion‐ weighted MRI in the diagnosis of malignant and benign urinary bladder lesion; Br J Radiol, 84 (1006) (2011), pp. 875–882</li>
 +
<li><span id='bib0475'></span>
 +
[[#bib0475|40]] A1 El-Assmy, M.E. Abou-El-Ghar, H.F. Refaie, A. Mosbah, T. El-Diasty; Diffusion‐weighted magnetic resonance imaging in follow‐up of superficial urinary bladder carcinoma after transurethral resection: Initial experience; BJU Int., 110 (11 Pt B) (2012 Dec), pp. E622–E627</li>
 +
<li><span id='bib0480'></span>
 +
[[#bib0480|41]] A. Briganti, M.L. Blute, J.H. Eastham, M. Graefen, A. Heidenreich, J.R. Karnes,  ''et al.''; Pelvic lymph node dissection in prostate cancer; Eur Urol, 55 (2009), pp. 1251–1265</li>
 +
<li><span id='bib0485'></span>
 +
[[#bib0485|42]] A. Karl, P.R. Carroll, J.E. Gschwend, R. Knüchel, F. Montorsi, C.G. Stief,  ''et al.''; The impact of lymphadenectomy and lymph node metastasis on the outcomes of radical cystectomy for bladder cancer; Eur Urol, 55 (2009), pp. 826–835</li>
 +
<li><span id='bib0490'></span>
 +
[[#bib0490|43]] C.J. McMahon, N.M. Rofsky, I. Pedrosa; Lymphatic metastases from pelvic tumors: Anatomic classification, characterization, and staging; Radiology, 254 (2010), pp. 31–46</li>
 +
<li><span id='bib0495'></span>
 +
[[#bib0495|44]] A. Fleischmann, G.N. Thalmann, R. Markwalder, U.E. Studer; Extracapsular extension of pelvic lymph node metastases from urothelial carcinoma of the bladder is an independent prognostic factor; J Clin Oncol, 23 (2005), pp. 2358–2365</li>
 +
<li><span id='bib0500'></span>
 +
[[#bib0500|45]] M.C. Schumacher, F.C. Burkhard, G.N. Thalmann, A. Fleischmann, U.E. Studer; Good outcome for patients with few lymph node metastases after radical retropubic prostatectomy; Eur Urol, 54 (2008), pp. 344–352</li>
 +
<li><span id='bib0505'></span>
 +
[[#bib0505|46]] E.M. Messing, W. Catalona; Urothelial tumors of the urinary tract; ,in: P.C. Walsh, A.B. Retik, E.D. Vaughan Jr., A.J. Wein. (Eds.), Campbells Urology (7th ed.), 77, W. B. Saunders, Philadelphia (1998), pp. 2327–2408 chapt</li>
 +
<li><span id='bib0510'></span>
 +
[[#bib0510|47]] B.L. Isfoss; The sensitivity of fluorescent‐light cystoscopy for the detection of carcinoma in situ (CIS) of the bladder: A meta‐analysis with comments on gold standard; BJU Int, 108 (2011), pp. 1703–1707</li>
 +
<li><span id='bib0515'></span>
 +
[[#bib0515|48]] J.A. Webb; Imaging in hematuria; Clin Radiol, 52 (1997), pp. 167–171</li>
 +
<li><span id='bib0520'></span>
 +
[[#bib0520|49]] M.J. Dobson, B.M. Carrington, C.D. Collins, W.D. Ryder, G. Read, C.E. Hutchinson,  ''et al.''; The assessment of irradiated bladder carcinoma using dynamic contrast‐enhanced MR imaging; Clin Radiol, 56 (2001), pp. 94–99</li>
 +
<li><span id='bib0525'></span>
 +
[[#bib0525|50]] G. Zhou, X. Chen, J. Zhang, J. Zhu, G. Zong, Z. Wang; Contrast‐enhanced dynamic and diffusion‐weighted MR imaging at 3.0 T to assess aggressiveness of bladder cancer; Eur J Radiol., 83 (11) (2014), pp. 2013–2018</li>
 +
<li><span id='bib0530'></span>
 +
[[#bib0530|51]] S. Kobayashi, F. Koga, S. Yoshida, H. Masuda, C. Ishii, H. Tanaka,  ''et al.''; Diagnostic performance of diffusion‐weighted magnetic resonance imaging in bladder cancer: Potential utility of apparent diffusion coefficient values as a biomarker to predict clinical aggressiveness; Eur Radiol, 21 (10) (2011), pp. 2178–2186</li>
 +
<li><span id='bib0535'></span>
 +
[[#bib0535|52]] A.B. Rosenkrantz, T.C. Mussi, B. Spieler, J. Melamed, S.S. Taneja, W.C. Huang; High‐grade bladder cancer: Association of the apparent diffusion coefficient with metastatic disease: preliminary results; J Magn Reson Imaging, 35 (6) (2012), pp. 1478–1483</li>
 +
<li><span id='bib0540'></span>
 +
[[#bib0540|53]] S. Kobayashi, F. Koga, K. Kajino, S. Yoshita, C. Ishii, H. Tanaka,  ''et al.''; Apparent diffusion coefficient value reflects invasive and proliferative potential of bladder cancer; J Magn Reson Imaging, 39 (1) (2014), pp. 172–178</li>
 +
<li><span id='bib0545'></span>
 +
[[#bib0545|54]] S. Yoshida, F. Koga, S. Kobayashi, C. Ishii, H. Tanaka, Y. Komai,  ''et al.''; Role of diffusion‐weighted magnetic resonance imaging in predicting sensitivity to chemoradiotherapy in muscle‐invasive bladder cancer; Int J Radiat Oncol Biol Phys., 83 (1) (2012 May 1), pp. e21–e27</li>
 +
<li><span id='bib0550'></span>
 +
[[#bib0550|55]] S. Yoshida, F. Koga, S. Kawakami, C. Ishii, H. Tanaka, N. Numao,  ''et al.''; Initial experience of diffusion‐weighted magnetic resonance imaging to assess therapeutic response to induction chemoradiotherapy against muscle‐invasive bladder cancer; Urology, 75 (2010), pp. 387–391</li>
 
</ol>
 
</ol>

Latest revision as of 10:30, 11 April 2017

Resumo

O carcinoma da bexiga é uma das neoplasias mais comuns do aparelho urinário, estando associado e elevada morbilidade e obrigando os doentes a um longo follow‐up recorrendo a métodos invasivos, como a cistoscopia.

O diagnóstico e estadiamento iniciais são dependentes da análise histopatológica de fragmentos recolhidos por biópsia ou ressecção transuretral da lesão vesical. No entanto, a taxa de subestadiamento é elevada, tornando necessárias novas cirurgias de re‐estadiamento.

Com os avanços recentes nas técnicas de ressonância magnética, nomeadamente com a utilização da difusão, tornou‐se possível aumentar a taxa de detecção de lesões suspeitas bem como avaliar a sua extensão e infiltração nas várias camadas da parede vesical, melhorando a acuidade do estadiamento. É ainda possivel detectar precocemente alterações sugestivas de recidiva ou mesmo progressão tumoral.

Com este trabalho, os autores pretendem fazer uma revisão da literatura existente sobre o papel da ressonância magnética em doentes com tumores vesicais, nomeadamente no seu diagnóstico, estadiamento e follow‐up, como complemento às técnicas actuais existentes.

Abstract

Bladder cancer is one of the most common malignancies of the urinary tract. It is associated with significant morbidity and long‐term follow‐up using invasive procedures, like cystoscopy.

The initial diagnosis and staging are dependent on the histopathologic analysis of resected or biopsed samples. However, it is associated with significant under‐staging, often requiring multiple re‐staging procedures.

With the recent advances in Magnetic Resonance Imaging techniques, namely Diffusion Weighted images, it has become possible to improve the detection rate of suspicious lesions and their extension to the deep layers of the bladder wall, therefore improving staging. It is also possible to detect recurrent tumours during follow‐up and even to predict the progression rate.

With this work, the authors intend to review the current literature regarding the role of Magnetic Resonance imaging in the detection, staging and follow‐up of bladder cancer patients.

Palavras‐chave

Neoplasia vesical ; Ressonância magnética ; Difusão

Keywords

Urinary bladder neoplasms ; Magnetic resonance imaging ; Diffusion weighted imaging

Introdução

O carcinoma da bexiga é 7.a neoplasia mais frequente a nível mundial, em ambos os sexos, e constitui uma causa major de morbilidade e mortalidade1 .

Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde, a taxa de incidência estimada na Europa é de 14,4 por 100.000 habitantes e em Portugal de 17,8 por 100.000, com uma mortalidade associada de 4,5 por 100.0002 .

Em > 90% dos casos este tumor afeta pessoas com mais de 55 anos, contudo, também pode ocorrer em idades mais jovens3 .

De entre os fatores de risco associados aos tumores de bexiga destacam‐se o tabagismo e a exposição ocupacional a agentes carcinogénicos uroteliais4  ;  5 (nomeadamente aminas aromáticas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos utilizados na indústrias química)6 . Outras exposições ambientais que se podem associar com o cancro de bexiga incluem infeções urinárias crónicas7 , exposição a ciclofosfamida8 e radioterapia9 . Recentemente, foi também documentado um aumento de incidência em homens com neoplasia da próstata tratados com radioterapia10 .

A maioria dos tumores (> 90%) tem origem no epitélio de transição urotelial11 , seguindo‐se em ordem de frequência o carcinoma pavimento‐celular e o adenocarcinoma que ocorrem em cerca de 5 e 1% dos casos, respetivamente12  ;  13 . No caso particular das zonas onde a schistosomíase é endémica, até 75% dos casos podem ser de carcinomas pavimento‐celulares14 . Também pode ocorrer metastização de outros tumores para a bexiga, nomeadamente carcinomas primários do cólon, útero, ovários e próstata, bem como nos linfomas.

A sintomatologia associada ao carcinoma da bexiga é bastante inespecífica, incluindo hematúria indolor, sintomas irritativos vesicais ou dor pélvica. Frequentemente, os tumores vesicais são assintomáticos.

A extensão local do tumor, a existência de metastização ganglionar ou à distância, o tipo histológico e grau tumoral são fatores determinantes para a decisão terapêutica e prognóstico15 . Assim, o estadiamento inicial preciso é imperativo, sendo o sistema de estadiamento universalmente aceite o sistema TNM16 .

De acordo com existência ou não de invasão da camada muscular, os tumores são subdivididos em 2 grupos com implicações terapêuticas distintas: tumores não músculo‐invasivos (NMI) (Ta, Tis e T1), representando 75% dos casos à data do diagnóstico, e tumores músculo‐invasivos (MI) (≥ T2)17 .

De acordo com os dados disponíveis, cerca de 70% dos tumores NMI recidivam após tratamento, encontrando‐se muitos destes casos associados a resseções tumorais incompletas18 . Assim, várias tentativas de aumentar a acuidade no diagnóstico do cancro da bexiga têm vindo a ser estudadas.

Objetivos

Descrever, de forma sistematizada, as aplicações atuais da ressonância magnética (RM) associada ou não a estudos funcionais em doentes com suspeita clínica ou diagnóstico de tumor vesical.

Aquisição de evidência

Realizou‐se uma revisão não sistematizada da literatura recorrendo à base de dados da PubMed, com os termos principais «Bladder Cancer», «NMIBC», «Non‐Muscle Invasive Bladder Cancer», «Magnetic Resonance Imaging», «MRI», «Diffusion Weighted MRI». De todos os artigos apresentados, selecionaram‐se aqueles escritos em língua inglesa, originais ou de revisão, publicados até 2014 que mais se adequavam ao tema.

Síntese de evidência

Diagnóstico e estadiamento convencional

As técnicas de imagem convencionais como a urografia endovenosa, a ecografia e a tomografia computorizada (TC) podem sugerir o diagnóstico de tumor da bexiga no caso de lesões exofíticas19 .

Por sua vez, a citologia urinária tem elevada sensibilidade no diagnóstico de tumores de alto grau, embora seja reconhecido o elevado número de falsos negativos em casos de tumores de baixo grau. Neste sentido, vários marcadores urinários têm sido apontados como potenciais testes diagnósticos, contudo, nenhum provou ter valor diagnóstico suficiente para figurar nas guidelines urológicas internacionais19 .

O diagnóstico definitivo de carcinoma da bexiga consiste na visualização da lesão e sua análise histopatológica20 .

A cistoscopia permanece o exame gold standard para o diagnóstico inicial e deteção de recidiva tumoral, uma vez que através da introdução de um cistoscópio, por via transuretral, é possível a visualização direta de toda a mucosa vesical.

Apesar de ser um exame invasivo, a cistoscopia pode ser efetuada em regime de ambulatório, apenas com anestésico tópico figura 1 .


Exemplo de um tumor vesical localizado na parede lateral esquerda (*).A‐ T2 ...


Figura 1.

Exemplo de um tumor vesical localizado na parede lateral esquerda (*).

A‐ T2 coronal

B‐ T2 axial

C‐ DWI (b1200)

D‐ mapa ADC

Nas sequências T2 observamos tumor vegetante, de sinal intermédio implantado na parede lateral esquerda da bexiga, que infiltra profundamente a parede vesical, condicionando descontinuidade focal da linha de hipossinal característica da muscularis própria, traduzindo tumor músculo‐invasivo. Estes achados são corroborados pelo estudo funcional de difusão, documentando‐se tumor com hipersinal em DWI e hipossinal no mapa ADC (setas).

A taxa global de deteção tumoral com cistoscopia é de aproximadamente 79%, sendo menor no caso particular dos carcinomas in situ (CIS) (50%)21 . Recentemente surgiram novas ferramentas com o objetivo de melhorar a taxa de deteção tumoral por cistoscopia, quer recorrendo a fenómenos de fluorescência através da photodynamic diagnosis (PPD) quer através da variação do comprimento de onda da luz emitida na narrow band imaging (NBI)22 . Estas técnicas são particularmente importantes na deteção de pequenas lesões papilares e de CIS23 .

A cistoscopia deve assim ser realizada em todos os doentes com suspeita de tumor vesical. No entanto, se existir suspeição de tumor vesical por outros métodos de imagem, poderá ser evitada uma cistoscopia diagnóstica, devendo ser programada ressecção transuretral (RTU‐V), de modo a permitir um diagnóstico histológico19 .

Diagnóstico e estadiamento por ressonância magnética

Em doentes com suspeita clínica de tumor vesical por hematúria franca a diferenciação entre lesões benignas e malignas da bexiga poderia evitar a necessidade de procedimentos diagnósticos invasivos, se excluídos tumores do aparelho urinário alto.

Neste sentido e desde a sua introdução em 1983, a RM pélvica tem sido indicada como uma técnica fiável para o estadiamento e diagnóstico dos tumores vesicais. A sua capacidade multiplanar, que permite uma adequada visualização de toda a parede vesical, em particular das áreas da cúpula vesical e da região do trígono, bem como das estruturas adjacentes (como a próstata e vesículas seminais), associada à sua elevada resolução de contraste tecidular, tornam esta técnica a uma ferramenta muito útil no diagnóstico de lesões vesicais, com uma precisão diagnóstica superior à da TC15 .

Contudo, o estadiamento preciso dos tumores vesicais com técnicas de imagem é difícil dada a reduzida espessura da parede vesical, o que condiciona dificuldades na distinção entre tumores com invasão muscular superficial (pT2a) e profunda; e entre invasão muscular profunda e extensão mínima para a gordura perivesical (pT3a)24 .

Por outro lado há que ter presentes as contraindicações para estudo RM: presença de implantes/próteses metálicas, pacemakers ou claustrofobia, entre outros.

Protocolos de ressonância magnética convencionais

Atualmente, o estadiamento imagiológico do cancro da bexiga é geralmente realizado utilizando combinação de sequências anatómicas ponderadas em T2 e estudo após administração de gadolínio.

A RM com estudo dinâmico após administração de contraste consiste numa técnica funcional que fornece informação acerca da microvasculatura dos tecidos. Este facto assume uma importância preponderante no diagnóstico do cancro da bexiga, uma vez que o crescimento tumoral se associa diretamente com a angiogénese tumoral. Por sua vez, a densidade microvascular relaciona‐se diretamente com o grau tumoral e capacidade de metastização25 .

Classicamente as lesões tumorais captam mais contraste que os tecidos saudáveis adjacentes, permitindo assim identificar lesões malignas. Contudo, no estudo dinâmico além da avaliação visual do grau de captação lesional é possível ainda derivar alguns parâmetros semiquantitativos a partir de uma curva de intensidade de sinal/tempo que refletem as alterações de sinal ao longo do tempo, isto é, de forma simplificada a rapidez com que o contraste é captado (taxa de wash‐in) ou libertado dos tecidos (taxa de wash‐out).

Na maioria dos estudos publicados a acuidade diagnóstica da RM com contraste variou entre 52‐93%26  ;  27 .

No entanto, o sobre‐estadiamento dos tumores confinados à bexiga parece ser uma desvantagem da RM convencional uma vez que as sequências ponderadas em T2 não permitem diferenciar as várias camadas da parede da bexiga15 .

Há ainda que considerar que a administração endovenosa de produtos de contraste à base de gadolínio está contraindicada em doentes com insuficiência renal. Para superar estas limitações, vários trabalhos recentes têm investigado o uso das sequências de difusão (diffusion weighted imaging ‐ DWI) no diagnóstico dos tumores da bexiga28 .

Estudos de difusão (diffusion weighted imaging)

As técnicas de difusão na RM são técnicas não invasivas, que refletem os movimentos Brownianos das moléculas de água nos tecidos e não requerem administração de contraste endovenoso ou exposição à radiação ionizante.

A DWI foi aplicada pela primeira vez no cérebro, onde se tornou o gold standard para o diagnóstico de AVC agudo, uma vez que as mudanças microestruturais observadas na DWI precedem as alterações anatómicas detetadas nas sequências morfológicas convencionais29  ;  30 . A sua aplicação a nível extracraniano é mais complexa devido aos artefactos de movimento fisiológicos (respiração, batimentos cardíacos e peristalse intestinal)31 . Contudo, com as melhorias técnicas progressivas, incluindo sequências cada vez mais rápidas, a aplicação da DWI tem sido alargada à deteção/caracterização tumoral em vários órgãos31  ;  32 .

As lesões malignas, pela elevada celularidade, desorganização arquitetural e redução do espaço extracelular que as caracterizam têm maior restrição à movimentação livre das moléculas de água, o que se traduz por sinal elevado nas sequências de difusão. A partir de aquisições com diferentes gradientes de difusão, isto é, diferentes valores de b, é possível quantificar a restrição a nível tecidular e a elaboração de mapas de coeficiente de difusão aparente (ADC). As lesões tumorais tipicamente apresentam baixo sinal nos mapas ADC33 . Contrariamente, as lesões benignas são menos restritivas ao movimento das moléculas de água pelo que não apresentam hipersinal nas sequências de difusão (dificultando a sua identificação nas sequências com valores de b elevados). Nos mapas ADC, pelo contrário, têm sinal elevado/moderado.

A DWI tem assim sido considerada útil para deteção e estadiamento tumoral, com uma precisão diagnóstica que ronda 94% e uma precisão de estadiamento entre 63‐96%34 ; 35 ; 36 ; 37 ; 38  ;  39 . A superioridade da DWI em relação às sequências convencionais verifica‐se sobretudo nos tumores confinados à bexiga15 .

Como desvantagem da DWI há, no entanto, que considerar a impossibilidade de visualização do lúmen uretral, contrariamente à cistoscopia convencional40 .

Estadiamento ganglionar

A presença de adenopatias pélvicas é um fator de prognóstico major e decisivo para o planeamento terapêutico dos tumores vesicais41  ;  42 .

O estadiamento ganglionar é geralmente baseado em critérios dimensionais, considerando‐se um limiar de 8‐10 mm de menor eixo para considerar adenopatias patológicas nas técnicas de imagem43 . Contudo, em cerca de 25% dos doentes tratados cirurgicamente, que apresentavam gânglios pélvicos normodimensionados nos estudos imagiológicos pré‐operatórios, verificou‐se a presença de metastização ganglionar. Por outro lado, os gânglios reativos/inflamatórios podem encontrar‐se aumentados mimetizando adenopatias patológicas44  ;  45 .

A DWI terá uma capacidade potencial em discriminar os gânglios benignos dos malignos, uma vez que se espera que nos segundos exista restrição aos movimentos das moléculas de água devido à elevada celularidade, resultando em baixos valores de ADC. Contudo, os estudos nesta área ainda são limitados e com resultados discrepantes28 .

Follow‐up

A elevada frequência de recidiva local e possibilidade de progressão dos tumores vesicais denota a importância da vigilância apertada em doentes com tumores NMI.

Existem várias estratégias de follow‐up, contudo, de forma mais comum os doentes são reavaliados a cada 3 meses nos 2 primeiros anos após diagnóstico, seguindo‐se vigilância bianual durante mais 2‐3 anos e anual a partir desse período46 .

O follow‐up inclui avaliação clínica, citologia urinária e cistoscopia.

Para follow‐up, a sensibilidade da cistoscopia ronda 94%, contudo, no caso específico dos CIS permanece na ordem dos 60%47 .

Apesar da vigilância da recidiva se basear historicamente na cistoscopia, este procedimento tem desvantagens: trata‐se de um procedimento invasivo, com elevado custo e que pode associar‐se a complicações como perfuração vesical ou urosépsis48 .

A possibilidade de se recorrer a um método radiológico que consiga diferenciar de forma consistente entre alterações benignas pós‐terapêuticas e recidiva/persistência tumoral permitiria evitar a necessidade de cistoscopia invasiva. A RM parece ser uma técnica com potencial para colmatar esta necessidade.

Há, no entanto, que ter presente que a realização de RTU‐V prévia prejudica a precisão diagnóstica dos estudos RM posteriores pela presença de fenómenos inflamatórios28 . Por outro lado, as alterações fibróticas e a inflamação decorrente quer da quimioterapia intravesical quer da RTU‐V são difíceis de distinguir de recidiva nas sequências morfológicas convencionais de RM, uma vez que se manifestam ambas apenas por espessamento parietal vesical49 .

No que respeita à DWI, um estudo recente publicado demostrou a utilidade desta técnica no follow‐up de doentes com tumores vesicais superficiais após RTU‐V, revelando uma elevada fiabilidade da DWI na distinção entre alterações inflamatórias pós RTU‐V e recidiva/tumor residual com resultados que são mesmo semelhantes aos da cistoscopia convencional40 .

Outras vantagens apontadas a esta técnica são a ausência de radiação ionizante, da necessidade de administração de contraste endovenoso e o facto de acrescer apenas alguns minutos ao protocolo do estudo RM convencional.

Novos desenvolvimentos

Recentemente, a RM funcional (estudo dinâmico e DWI) tem sido apontada como possível método de avaliação da agressividade tumoral: a taxa de wash‐out do contraste tende a ser mais elevada nos tumores de baixo grau, uma vez que nas lesões mais agressivas a microarquitectura tumoral (com maior celularidade) e neoangiogénese mais complexa poderão justificar um maior atraso na excreção do contraste relativamente a lesões menos agressivas. Por outro lado, o valor de ADC pode também refletir a agressividade tumoral, com valores de ADC significativamente inferiores para lesões mais agressivas (devido à maior celularidade e consequente maior restrição à movimentação das moléculas de água) comparativamente aos tumores de baixo grau34 ; 50 ; 51  ;  52 .

Contudo, continua a existir uma sobreposição substancial nos valores de ADC entre os tumores de alto e de baixo grau, o que limita de alguma forma a utilidade potencial da DWI neste campo28 .

Ainda no caso da DWI, um estudo recente demonstrou existir uma relação entre valores de ADC mais baixos e uma maior expressão de Ki‐67 (um marcador de proliferação celular reconhecidamente associado ao cancro da bexiga)53 .

Por outro lado, o papel da DWI na previsão da resposta à terapêutica tem vindo também a ser estudado, nomeadamente no que respeita à eventual sensibilidade aos esquemas de quimioradioterapia dos tumores MI: lesões com valores de ADC mais baixos são mais suscetíveis a ter uma resposta favorável54 . A especificidade e precisão calculadas para a DWI (92 e 80%, respetivamente) para prever resposta completa são significativamente superiores em comparação com as sequências morfológicas T2 (45 e 44%, respetivamente) e DCE (18 e 33%, respetivamente)55 . Se estes dados vierem a ser confirmados por mais estudos a DWI poderá funcionar como um biomarcador na resposta ao tratamento, eventualmente, permitindo a otimização terapêutica individual.

Conclusões

Os tumores da bexiga são comuns e acarretam elevada morbilidade associada. Estão também associados a custos elevados e esquemas de follow‐up prolongados e invasivos para o doente, com realização frequente de cistoscopia.

Atualmente, as técnicas de imagem funcionais por RM têm um papel estabelecido no diagnóstico e seguimento de doentes oncológicos. Em particular a DWI tem sido considerada uma ferramenta extremamente útil na deteção, estadiamento, determinação do grau histológico, avaliação da resposta ao tratamento e deteção de recidiva dos tumores vesicais. É ainda uma técnica não invasiva e que não necessita de administração de contraste endovenoso, alargando assim o espectro de doentes que dela podem beneficiar.

No entanto, o número de equipamentos de RM disponíveis no país não se encontra dimensionado para estudos frequentes de follow‐up, pelo que o seu acesso se encontra ainda limitado.

No futuro, com o desenvolvimento da técnica e tendo em conta as suas vantagens, talvez possamos assistir a uma maior implantação da mesma.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Responsabilidades éticas

Proteção de pessoas e animais

Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Referências

  1. 1 J. Ferlay, I. Soerjomataram, M. Ervik, R. Dikshit, S. Eser, C. Mathers, M. Rebelo, D.M. Parkin, D. Forman, F. Bray; GLOBOCAN 2012 v1.0, Cancer Incidence and Mortality Worldwide: IARC CancerBase No. 11 [Internet]. Lyon; International Agency for Research on Cancer, France (2013)
  2. 2 J. Ferlay, E. Steliarova-Foucher, J. Lortet-Tieulent, S. Rosso, J.W.W. Coebergh, H. Comber, et al.; Cancer incidence and mortality patterns in Europe: Estimates for 40 countries in 2012; Eur J Cancer., 49 (6) (2013 Apr), pp. 1374–1403
  3. 3 American Cancer Society. Cancer facts and figures 2006. Atlanta, Georgia: American Cancer Society; 2006.
  4. 4 P.J. McCahy, C.A. Harris, E. Neal; The accuracy of recording of occupational history in patients with bladder cancer; Br J Urol, 79 (1997), pp. 91–93
  5. 5 M.P. Zeegers, F.E. Tan, E. Dorant, P.A. van Den Brandt; The impact of characteristics of cigarette smoking on urinary tract cancer risk: A meta‐analysis of epidemiologic studies; Cancer, 89 (2000), pp. 630–639
  6. 6 International Agency for Research on Cancer. Overall evaluations of carcinogenicity: an updating of IARC monographs volumes 1 to 42 [suppl 7]. Lyon, France: IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans; 1987. p. 1‐42.
  7. 7 A.F. Kantor, P. Hartge, R.N. Hoover, A.S. Narayana, J.W. Sullivan, J.F. Fraumeni Jr.; Urinary tract infection and risk of bladder cancer; Am J Epidemiol, 119 (1984), pp. 510–515
  8. 8 L.B. Travis, R.E. Curtis, B. Glimelius, E.J. Holowaty, F.E. Van Leeuwen, C.F. Lynch, et al.; Bladder and kidney cancer following cyclophosphamide therapy for non‐Hodgkins lymphoma; J Natl Cancer Inst, 87 (1995), pp. 524–530
  9. 9 J.M. Kaldor, N.E. Day, B. Kittelmann, F. Pettersson, F. Langmark, D. Pedersen, et al.; Bladder tumours following chemotherapy and radiotherapy for ovarian cancer: A case‐control study; Int J Cancer, 63 (1995), pp. 1–6
  10. 10 S. Boorjian, J.E. Cowan, B.R. Konety, J. DuChane, A. Tewari, P.R. Carroll, et al.; Bladder cancer incidence and risk factors in men with prostate cancer: Results from Cancer of the Prostate Strategic Urologic Research Endeavor; J Urol, 177 (2007), pp. 883–887
  11. 11 N.E. Fleshner, H.W. Herr, A.K. Stewart, G.P. Murphy, C. Mettlin, H.R. Menck; The National Cancer Data Base report on bladder carcinoma. The American College of Surgeons Commission on Cancer and the American Cancer Society; Cancer, 78 (1996), pp. 1505–1513
  12. 12 A.F. Kantor, P. Hartge, R.N. Hoover, J.F. Fraumeni Jr.; Epidemiological characteristics of squamous cell carcinoma and adenocarcinoma of the bladder; Cancer Res, 48 (1988), pp. 3853–3855
  13. 13 C.F. Lynch, M.B. Cohen; Urinary system; Cancer, 75 (1995), pp. 316–329
  14. 14 M.H. Mostafa, S.A. Sheweita, P.J. O’Connor; Relationship between schistosomiasis and bladder cancer; Clin Micro‐ biol, 1 (1999), pp. 97–111
  15. 15 A. El-Assmy, M.E. Abou-El-Ghar, A. Mosbah, A.R. El-Nahas, H.F. Refaie, I.A. Hekal, et al.; Bladder tumour stagi: Comparison of diffusion‐ and T2‐weighted MR imaging; Eur Radiol, 19 (2009), pp. 1575–1581
  16. 16 L.H. Sobin, M. Gospodariwicz, C. Wittekind (Eds.), TNM classification of malignant tumors. UICC International Union Against Cancer (7th edn), Oxford: Wiley‐Blackwell (2009), pp. 262–265
  17. 17 M. Burger, J.W. Catto, G. Dalbagni, H.B. Grossman, H. Herr, P. Karakiewicz, et al.; Epidemiology and risk factors of urothelial bladder cancer; Eur Urol, 63 (2) (2013), pp. 234–241
  18. 18 R.J. Sylvester, A.P. van Der Meijden, D.L. Lamm; Intravesical bacillus Calmette‐Guerin reduces the risk of progression in patients with superficial bladder cancer: A meta‐analysis of the published results of randomized clinical trials; J Urol, 168 (5) (2002 Nov), pp. 1964–1970
  19. 19 M. Babjuk, A. Böhle, M. Burger, et al.; EAU guidelines on Guidelines on Non‐muscle‐invasive Bladder Cancer (Ta T1 and CIS); European Association of Urology (2014)
  20. 20 M. Colombel, M. Soloway, H. Akaza, A. Böhle, J. Palou, R. Buckley, et al.; Epidemiology, staging, grading, and risk stratification of bladder cancer; Eur Urol Supplements, 7 (10) (2008), pp. 618–626
  21. 21 NBI cystoscopy in routine urological practice ‐ from better vision to improve therapeutic management.
  22. 22 G. Cheung, A. Sahai, M. Billia, P. Dasgupta, M.S. Khan; Recent advances in the diagnosis and treatment of bladder cancer; BMC Medicine, 11 (1) (2013)
  23. 23 H.W. Herr, S.M. Donat; A comparison of white‐light cystoscopy and narrow‐band imaging cystoscopy to detect bladder tumour recurrences; BJU International, 102 (9) (2008), pp. 1111–1114
  24. 24 J.O. Barentsz, G.J. Jager, J.A. Witjes, J.H.J. Ruijs; Primary staging of urinary bladder carcinoma: The role of MR imaging and a comparison with CT; Eur Radiol., 6 (1996), pp. 134–139
  25. 25 N. Tuncbilek, M. Kaplan, S. Altaner, I.H. Atakan, N. Süt, O. Inci, et al.; Value of dynamic contrast‐enhanced MRI and correlation with tumor angiogenesis in bladder cancer; AJR Am J Roentgenol, 192 (4) (2009), pp. 949–955
  26. 26 A. Rajesh, H.K. Sokhi, R. Fung, K.A. Mulcahy, M.J. Bankart; Bladder cancer: Evaluation of staging accuracy using dynamic MRI; Clin Radiol, 66 (12) (2011), pp. 1140–1145
  27. 27 S. Daneshmand, H. Ahmadi, L.N. Huynh, N. Dobos; Preoperative staging of invasive bladder cancer with dynamic gadolinium‐enhanced magnetic resonance imaging: Results from a prospective study; Urology, 80 (6) (2012), pp. 1313–1318
  28. 28 G1 Giannarini, G. Petralia, H.C. Thoeny; Potential and limitations of diffusion‐weighted magnetic resonance imaging in kidney, prostate, and bladder cancer including pelvic lymph node staging: A critical analysis of the literature; Eur Urol., 61 (2) (2012 Feb), pp. 326–340
  29. 29 P.W. Schaefer, P.E. Grant, R.G. Gonzalez; Diffusion‐weighted MR imaging of the brain; Radiology, 217 (2000), pp. 331–345
  30. 30 J.G. Merino, S. Warach; Imaging of acute stroke; Nat Rev Neurol, 6 (2010), pp. 560–571
  31. 31 H.C. Thoeny, F. de Keyzer; Extracranial applications of diffusion‐weighted magnetic resonance imaging; Eur Radiol, 17 (2007), pp. 1385–1393
  32. 32 H.C. Thoeny, B.D. Ross; Predicting and monitoring cancer treatment response with diffusion‐weighted MRI; J Magn Reson Imaging, 32 (2010), pp. 2–16
  33. 33 D.M. Koh, D.J. Collins; Diffusion‐weighted MRI in the body: Applications and challenges in oncology; AJR Am J Roentgenol, 188 (6) (2007), pp. 1622–1635
  34. 34 M. Takeuchi, S. Sasaki, M. Ito, S. Okada, S. Takahashi, T. Kawai, et al.; Urinary bladder cancer: Diffusion‐weighted MR imaging—accuracy for diagnosing T stage and estimating histologic grade; Radiology, 251 (1) (2009), pp. 112–121
  35. 35 A. EI-Assmy, M.E. Abou-EI-Ghar, A. Mosbah, A.R. El-Nahas, H.F. Refaie, I.A. Hekal, et al.; Bladder tumor staging: Comparison of diffusion‐ and T2‐weighted MR imaging; Eur Radiol, 19 (7) (2009), pp. 1575–1581
  36. 36 H.C. Thoeny, R. Forstner, F. de Keyzer; Genitourinary applications of diffusion‐ weighted MR imaging in the pelvis; Radiology, 263 (2) (2012), pp. 326–342
  37. 37 A.B. Rosenkrantz, T.G. Mussi, J. Melamed, S.S. Taneja, W.C. Huang; Bladder cancer: Utility of MRI in detection of occult muscle‐invasive disease; Acta Radiol, 53 (6) (2012), pp. 695–699
  38. 38 H.J. Wang, M.H. Pui, Y. Guo, D. Yang, B.T. Pan, X.H. Zhou; Diffusion‐weighted MRI in bladder carcinoma: The differentiation between tumor recurrence and benign changes after resection; Abdom Imaging, 39 (1) (2013), pp. 135–141
  39. 39 S. Avcu, M.N. Koseoglu, K. Ceylan, M.D. Bulut, O. Unal; The value of diffusion‐ weighted MRI in the diagnosis of malignant and benign urinary bladder lesion; Br J Radiol, 84 (1006) (2011), pp. 875–882
  40. 40 A1 El-Assmy, M.E. Abou-El-Ghar, H.F. Refaie, A. Mosbah, T. El-Diasty; Diffusion‐weighted magnetic resonance imaging in follow‐up of superficial urinary bladder carcinoma after transurethral resection: Initial experience; BJU Int., 110 (11 Pt B) (2012 Dec), pp. E622–E627
  41. 41 A. Briganti, M.L. Blute, J.H. Eastham, M. Graefen, A. Heidenreich, J.R. Karnes, et al.; Pelvic lymph node dissection in prostate cancer; Eur Urol, 55 (2009), pp. 1251–1265
  42. 42 A. Karl, P.R. Carroll, J.E. Gschwend, R. Knüchel, F. Montorsi, C.G. Stief, et al.; The impact of lymphadenectomy and lymph node metastasis on the outcomes of radical cystectomy for bladder cancer; Eur Urol, 55 (2009), pp. 826–835
  43. 43 C.J. McMahon, N.M. Rofsky, I. Pedrosa; Lymphatic metastases from pelvic tumors: Anatomic classification, characterization, and staging; Radiology, 254 (2010), pp. 31–46
  44. 44 A. Fleischmann, G.N. Thalmann, R. Markwalder, U.E. Studer; Extracapsular extension of pelvic lymph node metastases from urothelial carcinoma of the bladder is an independent prognostic factor; J Clin Oncol, 23 (2005), pp. 2358–2365
  45. 45 M.C. Schumacher, F.C. Burkhard, G.N. Thalmann, A. Fleischmann, U.E. Studer; Good outcome for patients with few lymph node metastases after radical retropubic prostatectomy; Eur Urol, 54 (2008), pp. 344–352
  46. 46 E.M. Messing, W. Catalona; Urothelial tumors of the urinary tract; ,in: P.C. Walsh, A.B. Retik, E.D. Vaughan Jr., A.J. Wein. (Eds.), Campbells Urology (7th ed.), 77, W. B. Saunders, Philadelphia (1998), pp. 2327–2408 chapt
  47. 47 B.L. Isfoss; The sensitivity of fluorescent‐light cystoscopy for the detection of carcinoma in situ (CIS) of the bladder: A meta‐analysis with comments on gold standard; BJU Int, 108 (2011), pp. 1703–1707
  48. 48 J.A. Webb; Imaging in hematuria; Clin Radiol, 52 (1997), pp. 167–171
  49. 49 M.J. Dobson, B.M. Carrington, C.D. Collins, W.D. Ryder, G. Read, C.E. Hutchinson, et al.; The assessment of irradiated bladder carcinoma using dynamic contrast‐enhanced MR imaging; Clin Radiol, 56 (2001), pp. 94–99
  50. 50 G. Zhou, X. Chen, J. Zhang, J. Zhu, G. Zong, Z. Wang; Contrast‐enhanced dynamic and diffusion‐weighted MR imaging at 3.0 T to assess aggressiveness of bladder cancer; Eur J Radiol., 83 (11) (2014), pp. 2013–2018
  51. 51 S. Kobayashi, F. Koga, S. Yoshida, H. Masuda, C. Ishii, H. Tanaka, et al.; Diagnostic performance of diffusion‐weighted magnetic resonance imaging in bladder cancer: Potential utility of apparent diffusion coefficient values as a biomarker to predict clinical aggressiveness; Eur Radiol, 21 (10) (2011), pp. 2178–2186
  52. 52 A.B. Rosenkrantz, T.C. Mussi, B. Spieler, J. Melamed, S.S. Taneja, W.C. Huang; High‐grade bladder cancer: Association of the apparent diffusion coefficient with metastatic disease: preliminary results; J Magn Reson Imaging, 35 (6) (2012), pp. 1478–1483
  53. 53 S. Kobayashi, F. Koga, K. Kajino, S. Yoshita, C. Ishii, H. Tanaka, et al.; Apparent diffusion coefficient value reflects invasive and proliferative potential of bladder cancer; J Magn Reson Imaging, 39 (1) (2014), pp. 172–178
  54. 54 S. Yoshida, F. Koga, S. Kobayashi, C. Ishii, H. Tanaka, Y. Komai, et al.; Role of diffusion‐weighted magnetic resonance imaging in predicting sensitivity to chemoradiotherapy in muscle‐invasive bladder cancer; Int J Radiat Oncol Biol Phys., 83 (1) (2012 May 1), pp. e21–e27
  55. 55 S. Yoshida, F. Koga, S. Kawakami, C. Ishii, H. Tanaka, N. Numao, et al.; Initial experience of diffusion‐weighted magnetic resonance imaging to assess therapeutic response to induction chemoradiotherapy against muscle‐invasive bladder cancer; Urology, 75 (2010), pp. 387–391
Back to Top

Document information

Published on 11/04/17

Licence: Other

Document Score

0

Views 34
Recommendations 0

Share this document

Keywords

claim authorship

Are you one of the authors of this document?